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Brasil quer R$ 830 mi dos bens de Abadía nos EUA
Valor representa metade dos US$ 700 milhões do traficante que foram bloqueados
Brasil não foi informado sobre o valor bloqueado; divisão do dinheiro é prevista em tratado firmado entre os dois países em 1997
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo brasileiro vai pedir a metade dos US$ 700 milhões (R$ 1,66 bilhão, na cotação de ontem) que os Estados
Unidos bloquearam com informações decorrentes da prisão
do megatraficante colombiano
Juan Carlos Ramíres Abadía.
A informação é do secretário
do Ministério da Justiça, Romeu Tuma Jr. Se o pedido for
atendido, o Brasil fica com R$
830 milhões, suficiente para
construir 40 escolas de alto padrão, com piscina e teatro.
A fortuna de Abadía, segundo
os EUA, era de US$ 2 bilhões
(R$ 4,7 bilhões).
O dado sobre o bloqueio está
no relatório do Departamento
de Estado sobre drogas. Ontem,
a Folha revelou que o texto
aponta que o PCC (Primeiro
Comando da Capital) e o CV
(Comando Vermelho) começam a se internacionalizar -o
que as autoridades brasileiras
consideram um exagero.
Os EUA não haviam repassado a informação ao Brasil. Foi a
Folha que avisou o Ministério
da Justiça sobre o valor.
A previsão que dinheiro advindo de atividade criminosa
deve ser dividido entre dois ou
mais países consta de um tratado de cooperação assinado em
1997 pelo Brasil e pelos EUA.
Abadía foi preso pela PF em
agosto de 2007 e extraditado
para os EUA um ano depois. No
Brasil, seus bens renderam cerca de R$ 14,5 milhões.
A extradição de Abadía é excepcional pela rapidez com que
o governo e o Supremo Tribunal Federal trataram o caso.
Pela primeira vez, Tuma Jr. reconhece que o prazo célere seguiu critérios políticos: "Tínhamos certeza de que seríamos
beneficiados com a recuperação de recursos [pelos EUA],
com informações sobre a quadrilha e com a descoberta de
rotas de lavagem de dinheiro".
Em nota à Folha, a Embaixada dos EUA diz que não houve
informação sobre o montante
bloqueado porque a investigação não acabou. Segundo o texto, os EUA "sempre procuram
ser justos com seus parceiros"
em investigações conjuntas.
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