São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

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Brasil quer R$ 830 mi dos bens de Abadía nos EUA

Valor representa metade dos US$ 700 milhões do traficante que foram bloqueados

Brasil não foi informado sobre o valor bloqueado; divisão do dinheiro é prevista em tratado firmado entre os dois países em 1997

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo brasileiro vai pedir a metade dos US$ 700 milhões (R$ 1,66 bilhão, na cotação de ontem) que os Estados Unidos bloquearam com informações decorrentes da prisão do megatraficante colombiano Juan Carlos Ramíres Abadía.
A informação é do secretário do Ministério da Justiça, Romeu Tuma Jr. Se o pedido for atendido, o Brasil fica com R$ 830 milhões, suficiente para construir 40 escolas de alto padrão, com piscina e teatro.
A fortuna de Abadía, segundo os EUA, era de US$ 2 bilhões (R$ 4,7 bilhões).
O dado sobre o bloqueio está no relatório do Departamento de Estado sobre drogas. Ontem, a Folha revelou que o texto aponta que o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho) começam a se internacionalizar -o que as autoridades brasileiras consideram um exagero.
Os EUA não haviam repassado a informação ao Brasil. Foi a Folha que avisou o Ministério da Justiça sobre o valor.
A previsão que dinheiro advindo de atividade criminosa deve ser dividido entre dois ou mais países consta de um tratado de cooperação assinado em 1997 pelo Brasil e pelos EUA.
Abadía foi preso pela PF em agosto de 2007 e extraditado para os EUA um ano depois. No Brasil, seus bens renderam cerca de R$ 14,5 milhões.
A extradição de Abadía é excepcional pela rapidez com que o governo e o Supremo Tribunal Federal trataram o caso. Pela primeira vez, Tuma Jr. reconhece que o prazo célere seguiu critérios políticos: "Tínhamos certeza de que seríamos beneficiados com a recuperação de recursos [pelos EUA], com informações sobre a quadrilha e com a descoberta de rotas de lavagem de dinheiro".
Em nota à Folha, a Embaixada dos EUA diz que não houve informação sobre o montante bloqueado porque a investigação não acabou. Segundo o texto, os EUA "sempre procuram ser justos com seus parceiros" em investigações conjuntas.


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