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DVD reforça suspeita sobre ex-secretário
Gravação registra conversa com o ex-sócio e primo de Lauro Malheiros Neto, que foi adjunto da Secretaria da Segurança
Em um trecho, ex-sócio menciona "200, 300 paus" ao falar sobre possibilidade de venda do cargo de delegado do Detran
DA REPORTAGEM LOCAL
Um DVD em poder do Ministério Público Estadual reforça
as suspeitas sobre a existência
de um esquema de venda de
cargos na Polícia Civil de São
Paulo durante a gestão de Lauro Malheiros Neto (2007-2008) como secretário-adjunto
da Segurança Pública.
As gravações, feitas com uma
câmera oculta, registram uma
conversa de uma hora entre o
advogado Celso Valente, ex-sócio e primo de Malheiros, um
policial civil (identificado só
como José Luiz, marido de uma
procuradora de Justiça) e seu
advogado (que estaria com a câmera num óculos). O teor do vídeo foi divulgado ontem pelo
jornal "O Estado de S.Paulo".
Segundo o Ministério Público, o policial era ligado a Malheiros Neto até ser investigado
pela Polícia Federal, que rastreou uma quadrilha que intermediava a venda de decisões judiciais que beneficiavam donos
de bingos e empresas que têm
dívidas tributárias elevadas.
O vídeo foi gravado, segundo
a Promotoria, porque José Luiz
se sentiu abandonado pelo então secretário-adjunto.
Na conversa, policial e advogado tentam contratar Valente
para intermediar a compra do
resultado de um processo administrativo na Polícia Civil.
Os "clientes" também tentam forçar declarações de Valente que o envolvessem com o
então adjunto e a venda ilegal
de cargos. "Você tem que pegar
alguém aí com uns 200, 300
paus na mão, entende? Aí vale a
pena", diz Valente, em trecho
do vídeo, em resposta à possibilidade de venda de cargo de delegado no Detran.
As gravações reforçam as
suspeitas levantadas pelo depoimento do ex-investigador
Augusto Peña ao Ministério
Público no mês passado. O ex-policial, que é acusado de furto
e extorsão de dinheiro, disse
que intermediou a venda de
cargos na polícia entre colegas
e Malheiros. Ele citou Valente
como outro intermediador.
Malheiros Neto deixou o cargo após a prisão de Peña em
abril do ano passado, quando a
ex-mulher do policial apontou
a suposta ligação entre Peña e
Malheiros. Ao deixar o cargo,
em maio, ele disse à Folha que
não conhecia Valente.
Ontem, o diretor da Corregedoria da Polícia Civil, Alberto
Angerami, disse que a gravação
sobre a suposta compra de cargos será investigada.
Para ele, "causa estranheza"
uma decisão assinada por Malheiros em benefício de três policiais civis num processo administrativo que determinou a
expulsão por acusação de extorsão. Essa expulsão foi revertida em um despacho de menos
de três linhas. "Geralmente, é
mais bem fundamentada [os
despachos]. Mas isso não é indício de nada", afirmou.
Esse procedimento será investigado pela Corregedoria. Se
for constatado problemas, segundo Angerami, todos os procedimentos assinados por Malheiros serão investigados.
Folha Online
Assista "a gravação da conversa
www.folha.com.br/090632
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