São Paulo, quinta, 5 de março de 1998

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Expulsão do PPB é aprovada por unanimidade

da Sucursal de Brasília

A expulsão do deputado Sérgio Naya do PPB foi decidida por unanimidade pela Executiva Nacional do partido. O parlamentar não teve direto de se defender. Procurada pela Folha, sua assessoria não se pronunciou sobre a decisão.
Sem a legenda, Naya não tem como se candidatar nas eleições de outubro, pois a Lei Eleitoral exige um ano de filiação partidária.
O deputado mineiro é proprietário da construtora Sersan e aparece como um dos engenheiros responsáveis pela construção do edifício Palace 2, no Rio de Janeiro, cujo desabamento provocou a morte de oito pessoas.
O desabamento do edifício não foi o principal motivo da expulsão de Naya do PPB. Foram suas declarações (gravadas em vídeo e exibidas na televisão no último domingo) admitindo ter falsificado assinaturas, feito contrabando e utilizado material de segunda em obras de sua construtora.
O presidente licenciado do PPB, Paulo Maluf, presidiu a reunião da Executiva que decidiu pela expulsão. Para ele, caso Naya fosse julgado apenas pelo desabamento do Palace 2, "seria necessário abrir um inquérito e conceder ao deputado o direito de defesa".
Mas a fita, avaliou Maluf, representa "a confissão da falta de ética no exercício de sua função de deputado e não precisa de provas".
Dos 26 integrantes da Executiva Nacional do PPB, 19 compareceram à reunião de ontem e votaram pela expulsão. A medida se baseou no artigo 70 do Regimento Interno do PPB, que permite punições a parlamentares sempre que seja necessário "preservar os superiores interesses do partido perante a lei e a opinião pública".
A Mesa Diretora da Câmara e o Tribunal Superior Eleitoral foram informados ontem mesmo, pela direção do PPB, da expulsão.
A decisão da Executiva será encaminhada agora à Comissão de Ética do PPB, que terá sete dias para dar um parecer sobre o caso. Naya será ouvido pela comissão, que remeterá o parecer à apreciação do Diretório Nacional do PPB.
"Não tenho dúvidas de que o diretório irá confirmar a expulsão do deputado", afirmou Maluf. "Se ele ganhar no diretório, quem sai do partido sou eu", emendou o líder do PPB no Senado, Epitácio Cafeteira (MA).
Maluf adiantou que o PPB irá apoiar a cassação de Naya, que terá de ser votada pelo plenário da Câmara dos Deputados.
Maluf aproveitou a reunião para criticar o PSDB e o PT. Ele disse que não culpa o PT pelo fato de filiados ao partido terem participado de assaltos a banco na Bahia e que não culpa o PSDB por causa da morte de sem-terras no Pará -Estado governado pelo tucano Almir Gabriel.
"Ninguém pode culpar nenhum partido por um crime individual cometido por um dos seus membros", disse o ex-prefeito de São Paulo. (FERNANDO GODINHO)



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