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Documentos não contêm assinatura falsificada
ELVIRA LOBATO
enviada especial a Palma (MG)
A Prefeitura de Palma -município com 8.000 habitantes na Zona
da Mata, em Minas- divulgou
ontem documentos e extratos de
depósitos bancários para contestar a informação de que o deputado Sérgio Naya (PPB-MG) teria
falsificado a assinatura do governador para conseguir verba para
construção de casas populares no
município, em 1990. Na época, o
governador era Newton Cardoso.
Depois de dois dias de indecisão,
o prefeito Hiram Vinícius Finamore (PSDB) autorizou o seu assessor José Roberto de Oliveira
Paula a mostrar a documentação
do convênio à imprensa. Os documentos não contêm nenhuma assinatura falsa ou verdadeira do governador de Minas.
No dossiê da prefeitura, aparecem só as assinaturas do então secretário de Obras de Minas Gerais,
Maurício Guedes de Melo, do gerente executivo do programa comunitário de habitação popular, o
"Pró-Habitação", Fernando Volpi, e a do então prefeito de Palma,
Pedro Paulo Metre Pinto (PMDB).
A polêmica começou no domingo, quando o "Fantástico" exibiu
trechos de uma fita de vídeo gravada durante uma reunião entre
Naya e vereadores de Três Pontas
(MG) em outubro de 97. Na gravação, o deputado admitia ter cometido várias irregularidades, entre
elas a de ter falsificado a assinatura
do governador no convênio para
casas populares em Palma.
A documentação da prefeitura
mostra que os valores e o resultado do convênio foram igualmente
pífios. O convênio foi assinado em
novembro de 89 -no auge da
campanha eleitoral para a Presidência- e previa o repasse de
NCZ 13 mil para a Prefeitura de
Palma, dinheiro que financiaria a
construção de 20 casas populares.
O valor, segundo a tabela de
atualização de débitos judiciários,
corresponderia hoje a apenas R$
2.562. A atualização pelo dólar resulta em cifra ainda menor: US$
2.100 pelo câmbio oficial da época.
O dossiê da prefeitura mostra
que o dinheiro foi depositado em
sua conta no dia 9 de janeiro de 90
e que, 17 dias depois, ela gastou a
verba em material de construção
adquirido em duas lojas: Madeireira Cardoso, de Miracema, e
com a casa de construção Antonio
de Oliveira Mattos, em Palma. Os
canhotos dos cheques emitidos fazem parte do dossiê.
Com o dinheiro, a prefeitura iniciou a construção de cinco casas
populares, três das quais permanecem inacabadas. Segundo o assessor do prefeito, os funcionários
que trabalharam na obra eram da
própria prefeitura e o terreno fazia
parte de uma gleba conhecida na
cidade como "Terra do Santo",
porque havia sido doada à igreja
de São Francisco.
Na segunda, o prefeito Hiram
Finamore, pediu instauração de
inquérito policial para apurar as
declarações de Naya, mas em seguida viajou para Belo Horizonte,
levando a chave da Câmara, onde
estariam os documentos citados
por Naya. O assessor do prefeito
disse que os documentos estavam
no arquivo da prefeitura.
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