São Paulo, quinta, 5 de março de 1998

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Cassações vão ser votadas já, afirma Temer

FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília

RUI NOGUEIRA


da Sucursal de Brasília O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), disse ontem que todos os processos de cassação de deputados que já passaram pela Comissão de Constituição e Justiça serão votados pelo plenário da Casa "imediatamente" após a decisão sobre Sérgio Naya.
Com o pedido de cassação do deputado Sérgio Naya (PPB-MG), a Câmara tem agora oito parlamentares sendo processados por falta de decoro. Cinco deles esperam apenas a votação no plenário.
Michel Temer tem o poder de decidir a data de votação desses processos. O presidente da Câmara havia prometido no final do ano passado colocar os processos em votação na "primeira semana de março", na volta dos parlamentares depois da folga do Carnaval.
"Agora, primeiro precisamos votar o Naya. Faremos isso o mais rapidamente possível. Todos os outros serão votados em seguida, imediatamente", disse Temer.
A votação das cassações em plenário não ocorreu até hoje porque não era conveniente ao governo. Por duas razões: 1) os deputados pendurados no "corredor da morte", na gíria interna da Câmara, são fiéis seguidores governistas em qualquer votação e 2) a cassação irritaria outros parlamentares prejudicando a votação de reformas constitucionais.

Líderes a favor
A declaração de ontem de Temer foi corroborada pelos líderes de três partidos governistas ouvidos pela Folha: PMDB, PFL e PTB. Curiosamente, apenas o líder do PPB não quis se manifestar -embora seu partido já tenha expulsado Sérgio Naya de forma sumária.
"Acho correto votarmos tudo já. O plenário que decida como quiser", afirmou o líder do PMDB, Geddel Vieira Lima (BA). "Temos de retirar todos esses esqueletos do armário. Essa é uma ótima oportunidade", disse o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE).
O líder do PTB, Paulo Heslander (MG), acha que "no caso do Naya, a Câmara não pode dar um "abraço de afogado'. Só pode cassar". E acha que a Casa não deve não votar os outros processos.
São necessários 257 votos -a Câmara tem 513 cadeiras- para aprovar a cassação do mandato de um deputado. A votação é secreta.


Colaborou Luiza Damé, da Sucursal de Brasília


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