São Paulo, quinta, 5 de março de 1998

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DESABAMENTO 4
Informações preliminares indicam não haver irregularidades no projeto estrutural do edifício Palace
Polícia diz que falha ocorreu na construção

RONI LIMA
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

Investigações da Polícia Civil do Rio já concluíram que a falha que resultou no desabamento do edifício Palace 2 ocorreu na execução da obra, e não no cálculo estrutural.
Para o delegado-titular da 16ª DP (Delegacia de Polícia), Carlos Alberto Nunes Pinto, que comanda as investigações sobre o desabamento, o uso de material de construção de má qualidade pela empresa Sersan é a mais provável causa da tragédia.
Informações preliminares trocadas entre o ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), órgão da Polícia Civil, e a 16ª DP indicam não haver irregularidades no projeto estrutural do edifício, assinado pelo engenheiro José Roberto Schendes.
"Tudo indica que os cálculos estruturais da obra estão corretos. A suspeita principal é a de emprego de material ruim", disse o delegado. Ontem, em meio aos destroços do Palace 2, peritos do ICCE localizaram o pilar que cedeu, provocando o desabamento de parte do edifício. A análise do material usado nesse pilar é considerada fundamental pela perícia.
Com o apoio de peritos do ICCE, a análise laboratorial desse material e de outros destroços do Palace 2 será realizada pelo INT (Instituto Nacional de Tecnologia), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
Um escavadeira começou a limpar a área no entorno desse pilar para que, no máximo até amanhã, técnicos do INT consigam coletar amostras do concreto e das ferragens utilizados na sua construção.
Um perito informou que conchas do mar foram encontradas em diferentes destroços do edifício, o que levantou a suspeita do uso de areia da praia na concretagem. Mas, segundo ele, a análise final dependerá dos exames.
A suspeita do delegado Pinto foi reforçada depois que a Rede Globo mostrou, no programa "Fantástico", cenas de uma gravação em que o deputado Sérgio Naya (dono da construtora) admite usar material de qualidade inferior em suas obras.
"Essa gravação consolidou mais ainda os rumos que o inquérito está tomando", disse Pinto.
Na segunda passada, o chefe do departamento jurídico da Sersan, Climério de Alencar, entregou ao delegado as plantas estruturais do edifício que desabou.
As plantas foram enviadas no mesmo dia ao ICCE, órgão encarregado de preparar o laudo oficial sobre as causas do desabamento.
O delegado disse que só na semana que vem deverá receber o laudo. "Os peritos decidiram fazer análises químicas em amostras do material usado na construção, o que deve atrasar um pouco a conclusão do laudo", disse.



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