São Paulo, quinta, 5 de março de 1998

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Ex-líder comunista vai defender Sersan

da Sucursal do Rio

Ex-deputado de oposição ao regime militar, ex-líder do PCB (Partido Comunista Brasileiro), defensor de perseguidos políticos, o advogado Marcelo Cerqueira assumiu a estratégia de defesa da construtora Sersan.
A atuação de Cerqueira como idealizador da tática judicial que está sendo adotada pela construtora foi confirmada ontem pelos advogados Jorge Luís de Azevedo e José Orlando de Souza Faria, do setor de cobranças da Sersan, em depoimento na 16ª DP. Cerqueira, 58, negou à Folha que esteja trabalhando para a Sersan.
Ele admitiu, entretanto, que defende o diretor técnico da construtora, Sérgio Murilo Domingues.
"O Serginho é meu amigo de infância. Ele me procurou nesse momento de sufoco. Ele está sofrendo muito." A Folha apurou que Cerqueira aceitou trabalhar para a Sersan desde que seu nome fosse mantido em sigilo.Ele foi convidado para a função pelo diretor-presidente da construtora, Lúcio Antônio Miranda Silva, no domingo de Carnaval, dia do desabamento.
Na terça-feira seguinte, Cerqueira esteve no Tribunal de Justiça do Rio com o chefe do departamento jurídico da Sersan em Brasília, Climério Alexandrino de Alencar. Naquele dia, a Sersan impetrou na Justiça mandado de segurança pedindo que peritos da empresa tivessem acesso aos escombros. A Justiça negou a liminar.
Deputado federal pelo MDB do Rio de 79 a 83, Cerqueira ficou conhecido pela oposição veemente que fazia ao governo federal. Ele era vinculado ao PCB, clandestino à época. Hoje, é filiado ao PPS.
Como advogado criminal, Cerqueira se notabilizou pela defesa de perseguidos pelos militares.
"Defendi mais de mil presos políticos. Destaco Giocondo Dias (ex-líder do PCB), Darcy Ribeiro (senador morto no ano passado) e Adão Pereira Nunes (médico de Luiz Carlos Prestes, maior liderança comunista no Brasil)."
Cerqueira foi atuante no combate judicial à privatização de empresas públicas. Ações patrocinadas por ele atrasaram importantes privatizações, como a da Companhia Vale do Rio Doce.
(SERGIO TORRES)


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