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MEIO AMBIENTE
Cerca de 120 índios no oeste de Roraima podem passar fome devido ao incêndio
Fogo destrói aldeias ianomâmis
ALTINO MACHADO
da Agência Folha, em Manaus
As florestas onde ficam três aldeias indígenas ianomâmis, na região dos municípios de Alto Alegre, Mucajaí e Ajarani, no oeste de
Roraima, estão sendo devastadas
por um enorme incêndio originado provavelmente nas fazendas ao
lado da perimetral Norte, que corta as áreas indígenas.
A existência de diversos focos de
incêndio na área foi relatada ontem ao administrador da Funai
(Fundação Nacional do Índio) em
Boa Vista, Walter Blos, pelo diretor da CCPY (Comissão Pró-Ianomâmi), Carlos Zacquini, e pelo
técnico agrícola Renato Lang, assessor estadual da CPT (Comissão
Pastoral da Terra).
Tragédia
"Estamos enfrentando uma tragédia e tenho a impressão de que
as pessoas não estão se dando conta", declarou Zacquini.
Ele afirmou que as tribos indígenas da região deverão passar fome
por causa da estiagem.
As três aldeias, onde vivem cerca
de 120 ianomâmis, serão inspecionadas a partir de segunda-feira
por uma equipe da Funai.
"Teremos um diagnóstico da situação tão logo nosso pessoal percorra a região", disse Blos.
Zacquini declarou que os índios
macuxis, por exemplo, estão comendo antes do tempo a mandioca que plantaram. A maniva, usada no replantio da mandioca, está
se perdendo por causa da seca.
Há focos de incêndio em todo o
Estado, sendo que a região de floresta mais atingida é a de Apiaú,
onde o governo estadual e o Incra
assentaram cerca de 1.500 famílias
de pequenos produtores rurais.
Sobrevôo
O piloto Francisco Mesquita, 45,
dono da Meta táxi aéreo, disse que
a vegetação das montanhas da região do Surumu, no norte do Estado, estão sendo destruídas pelo
fogo. As condições de vôo na região estão péssimas por causa da
fumaça.
Segundo Mesquita, a serra do
Araí, habitada por índios macuxis
e colonos, está queimando há
mais de duas semanas.
"Nasci na região, mas nunca vi
tanto fogo e fumaça. O pior é que
daqui a dois meses poderá começar a chover", disse o piloto.
A ilha Maracá, uma estação ambiental do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) com 101
mil hectares (a 130 km de Boa Vista), também está cercada por focos de incêndios que ocorrem nas
fazendas e aldeias indígenas vizinhas. "A ilha está muito seca e tememos que uma faísca, trazida
pelo vento, atravesse o rio e cause
um incêndio que não teremos
condições de controlar", disse
Iran das Chagas Almeida, 29, funcionário do Ibama na estação.
O diretor de fiscalização do Ibama em Roraima, Valdir Ribeiro da
Cruz, disse que foram montadas
equipes para orientar a população
a se defender dos incêndios. "Essa
situação é consequência do fenômeno El Niño."
Há cerca de
120
índios ianomâmis em três aldeias no
Estado de Roraima onde há incêndios;
eles podem passar fome
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