São Paulo, quarta-feira, 05 de abril de 2000


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Celso Pitta é cavalheiro para inglês não ver

BARBARA GANCIA
Colunista da Folha

As aparências realmente enganam. Celso Pitta que o diga.
Sei que o leitor já está por aqui com esse assunto, mas o que eu posso fazer se o homem continua lá na prefeitura, como se nada tivesse acontecido?
Vamos lá: o prefeito Celso Pitta é sempre descrito como alguém que, mesmo sob pressão, consegue manter a afabilidade.
Subalternos, empregados que trabalharam em sua casa, socialites que jantaram com ele em Paris e até esta que vos fala, nas poucas vezes em tive contato com o prefeito, podem testemunhar que Pitta é um sujeito cordial, que se comporta como um verdadeiro gentleman.
Mas, essa elegância aparente, essa fleuma de que o prefeito usa e abusa não é da alma. O Celso Pitta distinto cavalheiro inglês, personagem que, imagino, deva ter sido lapidado durante a temporada em passou em Londres nos anos 70, não passa de névoa rasteira, ou de "fog", se ele preferir.
Se seguisse de fato o código do cavalheiro inglês, Celso Pitta saberia que a hora de pendurar as chuteiras, ou o chapéu coco, se o prefeito preferir, chegou naquele fatídico momento em que dona Nicéa Pitta admitiu publicamente nunca ter prestado serviços de consultoria de arte para justificar a mesada de R$ 150 mil que lhe era dada pelo bondoso empresário Jorge Yunes.
Não vamos nem mesmo entrar no mérito de que a declaração de Imposto de Renda da ex-mulher do prefeito de São Paulo, aparentemente, está contaminada por todo tipo de irregularidade.
O simples reconhecimento de que a consultoria de arte não passou de fabricação já é motivo suficiente para fazer qualquer homem de bem esvaziar as gavetas e ir embora para casa.
Mas, nosso tenaz Celso Pitta continua lá, apegado com unhas e dentes a um cargo que não mais lhe pertence.

Veja só o que sou obrigada a ouvir calada. Minha tresloucada amiga Bucicleide não consegue acreditar que dona Nicéa Pitta não tenha prestado consultoria de arte para Jorge Yunes. Buci, digo, Cleide esteve no Masp, apreciando a mostra Brasil 500 Anos - Descobrimento e Colonização. Quando parou diante dos mapas cedidos à exposição pelo bondoso Jorge Yunes, Bucicleide jura ter visto o dedo de dona Nicéa: "Aquelas molduras espalhafatosas só podem ser coisa dela!". Conheço o meu eleitorado: se Bucicleide achou as molduras chamativas, só me resta aconselhar o leitor a ir à mostra munido de alho, uma cruz e balas de prata.

Skinheads a mil
Essa vai interessar ao meu amigo olho-vivo, Mauro Marcelo de Lima, delegado especializado em crimes na Internet. Quem entrar no site Orgulho Paulista http://sp.wpww.com/ vai encontrar todo tipo de quitute integralista. Entre outros, o site exibe o poster "São Paulo para os paulistas", o "Manifesto do Eixo Sul Livre" e um artigo sobre o "orgulho branco".

Anjo endiabrado
Ainda existe motivo para sonhar. Segundo pesquisa da "Placar", Marcelinho carioca é o jogador mais malquisto do país.
Para a tez
Os produtos da marca francesa Caudalie, nova mania das granfas locais, são vendidos há meses na farmácia de manipulação Matéria Prima, no Itaim Bibi.
E-mail: barbara@uol.com.br
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