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Sushi e sashimi de restaurantes de Brasília contêm bactérias nocivas
CARLOS IAVELBERG
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pesquisa de mestrado feita
na UnB (Universidade de Brasília) concluiu que 25% das amostras de peixe cru -sushi e sashimi- colhidas em oito restaurantes japoneses da capital federal
possuíam coliformes fecais acima
do permitido por lei.
O estudo, realizado pelo nutricionista Anselmo Resende, fez
análises microbiológica em 87
amostras de três tipos de peixes
-salmão, atum e robalo- colhidas em 2001 em locais que ofereciam esses pratos como os principais do cardápio. Em dois locais,
metade estava contaminada.
Além dos coliformes fecais, foram feitos teste que indicam a
presença das bactérias Staphylococcus aureus -que apareceu em
1,14% das amostras- e Salmonella- que não foi encontrada.
"A presença de coliforme fecal
no alimento caracteriza a contaminação por fezes em algumas
das etapas de preparo. Isso pode
ocorrer desde a aquisição do material ou até por falha de manipulação nas cozinhas", diz Resende.
As condições de transporte e armazenamento do peixe antes de
chagar aos restaurantes também
podem provocar a contaminação,
segundo o pesquisador.
Embora seja difícil dizer aonde
ocorre esse contágio, Resende,
que não revela o nome dos locais
onde as amostras foram colhidas,
diz que as condições de higiene
dos restaurantes têm alta influência na qualidade do peixe cru.
"Era nítido observar que nos estabelecimentos em que os funcionários usavam luvas, toucas e
máscaras o índice de contaminação era menor", afirmou.
A ingestão de coliforme fecal e
da bactéria Staphylococcus aureus pode provocar desde cólicas
simples, mal-estar leve, fortes
diarréias, presença de sangue nas
fezes, vômitos, náuseas, dores de
cabeça e cãibras intestinais.
Apesar de o estude feito por Resende ter analisado apenas estabelecimentos de Brasília, a situação se repete em outras cidades.
"Alguns trabalhos em São Paulo
apresentaram valores até maiores
dos que eu obtive. Alguns encontraram 70% [ de amostras contaminadas]", disse.
Não existe números oficias sobre a quantidade de restaurantes
japoneses em São Paulo paulista,
mas estima-se que sejam 300,
vendendo mais de 10 milhões de
unidades de sushis/mês.
Metais
A presença de quatro metais
-chumbo, zinco, cobre e mercúrio- também foi analisada por
Resende. O que mais chamou a
atenção foi o chumbo, que estava
acima da quantidade permitida
pela Organização Mundial de
Saúde em 82% das amostras.
Assim como os coliformes fecais, é difícil dizer a origem da
contaminação pelo chumbo. De
acordo com Resende, ela pode
ocorrer tanto na água onde ocorre
a pesca como na ração que o peixe
come ou mesmo no arroz e nos
vegetais que acompanham os
pratos japoneses.
Para Resende, o fato de as pessoas não terem o costume de comer peixe cru todos os dias torna
a presença do metal menos grave
do que a das bactérias. "O chumbo apresenta um quadro clínico
de intoxicação alarmante com o
uso muito freqüente do peixe."
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