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MASSACRE NA BAIXADA
Testemunha relata que o assassino chegou a discutir com os PMs que registravam a ocorrência; 18 pessoas pediram proteção
Matador voltou à cena do crime, diz morador
TALITA FIGUEIREDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um dos autores da chacina da
última quinta-feira que deixou 30
mortos na Baixada Fluminense
voltou a um dos locais das mortes,
em Queimados, 40 minutos após
o crime. Ali, discutiu com os policiais militares que registravam os
cinco assassinatos ocorridos no
local e depois foi embora.
A cena foi descrita por uma testemunha da chacina ao deputado
Geraldo Moreira (PSB), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembléia Legislativa do Estado do Rio).
Essa testemunha e mais 17 moradores de Queimados -ao todo,
quatro adultos e 14 crianças e adolescentes entre 4 e 16 anos- pediram proteção ao governo do Estado e estão abrigadas na sede da
Fundação de Amparo à Infância e
à Adolescência (FIA), no centro
do Rio. Elas deixariam o local ainda ontem.
As testemunhas pertencem a
quatro famílias. O deputado informou que dois adultos e algumas crianças (ele não soube precisar o número) conseguem identificar e ajudar na confecção do retrato falado de pelo menos um
dos quatro criminosos que estavam no Gol prata sem placa usado
pelos autores da chacina.
Segundo o relato dos moradores, o matador retornou ao local,
no bairro de Campo da Banha,
em Queimados, no mesmo veículo e com a mesma roupa que usava na hora dos disparos.
Para o deputado, o fato de o homem ter deixado o local sem ser
detido pelos policiais que registravam o crime é mais um indício
da participação de PMs no caso.
Na rua Carlos Sampaio, no
Campo da Banha, foram mortos
três homens e dois adolescentes
de 15 e 16 anos que conversaram
na mureta de um bar desativado.
Aviso prévio
Os moradores de Queimados
também disseram ao deputado
que três ou quatro dias antes da
chacina foram avisados de que
"algo ruim" aconteceria no local e
que deveriam sair dali.
Depois do crime, relatam, foram aconselhados a abandonar
suas casas. Moreira disse que as
testemunhas não disseram quem
era o autor das ameaças, feitas
também por telefone.
Com medo da reação dos assassinos, supostamente policiais militares do 24º Batalhão de Polícia
Militar (Queimados), as testemunhas não procuraram a polícia,
mas estavam dispostas a prestar
depoimento depois de obterem
garantia de proteção.
"Eles querem proteção, mas temem que sua segurança seja feita
por policiais do Rio. Vou analisar
os programas de proteção à testemunha do Estado e do Ministério
Público e decidir para qual vou
encaminhá-los. Eles estão muito
assustados", disse o deputado.
À tarde, o deputado se encontrou com subprocurador de Direitos Humanos do Ministério
Público, Leonardo Chaves, que
deverá ouvir as testemunhas ainda esta semana. À noite, os quatro
adultos prestaram depoimento ao
subchefe de Planejamento Operacional da Secretaria de Segurança
Pública, delegado Paulo Souto, na
Chefia de Polícia Civil. Apesar de
não ter revelado detalhes do depoimento, Souto disse que eles foram "muito produtivos".
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