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FAB nada fez após acidente, diz associação
Presidente da federação internacional de controladores diz que governo não melhorou sistema aéreo após a morte de 154 pessoas
Marc Baumgartner não descarta o risco de novos acidentes e acha "perigoso" o plano emergencial de usar profissionais da Defesa Aérea
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Ifatca (Federação Internacional de Associações de Controladores de
Tráfego Aéreo), o suíço Marc
Baumgartner, disse ontem que
a Aeronáutica "não fez nada"
para aprimorar o sistema após
o acidente com o avião da Gol,
quando morreram 154 pessoas,
e só piorou a situação ao coagir
os controladores.
Além de não descartar o risco
de novos acidentes, classificou
de "muito perigoso" o plano
emergencial de utilizar profissionais da Defesa Aérea. A FAB
pretende utilizá-los, em um
"Plano B", caso ocorram novos
casos de insurgência entre os
controladores de vôos, que seriam substituídos.
"Usar os militares da Defesa
Aérea é a mesma coisa que colocar um carregador de bagagem ou uma atendente de
check-in para pilotar um
avião", disse Baumgartner.
"Eles não têm a menor idéia
do que fazer, não foram treinados para isso. Nós já vimos essa
história antes na França. Acabou em uma colisão aérea."
Ele se refere à greve ilegal de
controladores civis que ocorreu em 20 de fevereiro de 1973
na França. O governo colocou
militares no controle do tráfego em 26 de fevereiro.
Em 5 de março, dois aviões
espanhóis colidiram a 27 mil
pés (8,2 km) perto de Nantes,
matando as 68 pessoas a bordo
de um DC-9.
O governo francês negou responsabilidade do setor, mas
houve um boicote mundial de
uma semana ao espaço aéreo
daquele país.
Segundo Baumgartner, não é
possível dizer que o Brasil está
"inseguro" para voar, mas outra colisão poderia acontecer
porque ainda há riscos.
"Não se pode vender bilhetes
para a população e dizer que tudo está bem se nenhuma providência foi tomada. As "armadilhas" do sistema, problemas de
radar e de rádio ainda estão lá.
A Aeronáutica não fez nada a
não ser aquartelar e investigar
os controladores", disse.
"O sistema está sendo conduzido a 200 km por hora, mas só
tem capacidade para 120 km
por hora. Isso é preocupante".
Pilotos
A Ifalpa (Federação Internacional das Associações de Pilotos de Linhas Aéreas) reiterou
ontem as precauções sugeridas
no boletim de segurança emitido em 29 de janeiro e que foi rebatido pela FAB.
Nela, destaca problemas técnicos e de procedimentos no
sistema brasileiro, desde o tratamento de planos de vôo, o inglês dos controladores, dificuldades de visualização no radar
e falta de fiscalização apropriada do governo.
Países e empresas aéreas têm
a prerrogativa de unilateralmente declarar a insegurança
do espaço aéreo de outro país,
primariamente a partir das informações de pilotos e suas associações.
A OACI (Organização de
Aviação Civil Internacional),
não se manifesta nesses casos
para não interferir na soberania de seus países-membros.
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