São Paulo, quinta-feira, 05 de abril de 2007

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FAB nada fez após acidente, diz associação

Presidente da federação internacional de controladores diz que governo não melhorou sistema aéreo após a morte de 154 pessoas

Marc Baumgartner não descarta o risco de novos acidentes e acha "perigoso" o plano emergencial de usar profissionais da Defesa Aérea

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Ifatca (Federação Internacional de Associações de Controladores de Tráfego Aéreo), o suíço Marc Baumgartner, disse ontem que a Aeronáutica "não fez nada" para aprimorar o sistema após o acidente com o avião da Gol, quando morreram 154 pessoas, e só piorou a situação ao coagir os controladores.
Além de não descartar o risco de novos acidentes, classificou de "muito perigoso" o plano emergencial de utilizar profissionais da Defesa Aérea. A FAB pretende utilizá-los, em um "Plano B", caso ocorram novos casos de insurgência entre os controladores de vôos, que seriam substituídos.
"Usar os militares da Defesa Aérea é a mesma coisa que colocar um carregador de bagagem ou uma atendente de check-in para pilotar um avião", disse Baumgartner.
"Eles não têm a menor idéia do que fazer, não foram treinados para isso. Nós já vimos essa história antes na França. Acabou em uma colisão aérea."
Ele se refere à greve ilegal de controladores civis que ocorreu em 20 de fevereiro de 1973 na França. O governo colocou militares no controle do tráfego em 26 de fevereiro.
Em 5 de março, dois aviões espanhóis colidiram a 27 mil pés (8,2 km) perto de Nantes, matando as 68 pessoas a bordo de um DC-9.
O governo francês negou responsabilidade do setor, mas houve um boicote mundial de uma semana ao espaço aéreo daquele país.
Segundo Baumgartner, não é possível dizer que o Brasil está "inseguro" para voar, mas outra colisão poderia acontecer porque ainda há riscos.
"Não se pode vender bilhetes para a população e dizer que tudo está bem se nenhuma providência foi tomada. As "armadilhas" do sistema, problemas de radar e de rádio ainda estão lá. A Aeronáutica não fez nada a não ser aquartelar e investigar os controladores", disse.
"O sistema está sendo conduzido a 200 km por hora, mas só tem capacidade para 120 km por hora. Isso é preocupante".

Pilotos
A Ifalpa (Federação Internacional das Associações de Pilotos de Linhas Aéreas) reiterou ontem as precauções sugeridas no boletim de segurança emitido em 29 de janeiro e que foi rebatido pela FAB.
Nela, destaca problemas técnicos e de procedimentos no sistema brasileiro, desde o tratamento de planos de vôo, o inglês dos controladores, dificuldades de visualização no radar e falta de fiscalização apropriada do governo.
Países e empresas aéreas têm a prerrogativa de unilateralmente declarar a insegurança do espaço aéreo de outro país, primariamente a partir das informações de pilotos e suas associações.
A OACI (Organização de Aviação Civil Internacional), não se manifesta nesses casos para não interferir na soberania de seus países-membros.


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