São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2008 |
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Naufrágio mata 15 pessoas no Amazonas
Movimento do rio Solimões fez a embarcação, com cerca de 80 passageiros, tombar lateralmente e ser invadida pela água
KÁTIA BRASIL DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS Uma embarcação de madeira com cerca de 80 pessoas naufragou na madrugada de ontem no rio Solimões, próximo à comunidade de Bela Vista, em Manacapuru (84 km a oeste de Manaus), causando ao menos 15 mortes. O acidente aconteceu às 5h45 (no horário local), após o barco enfrentar um remoinho, movimento em círculo causado pelo cruzamento de ondas ou ventos, também chamado de "rebojo". Até a conclusão desta edição, 15 corpos haviam sido resgatados pelas equipes de mergulhadores do Corpo de Bombeiros do Amazonas. Outras 15 pessoas estariam desaparecidas. Cerca de 115 homens da Marinha e dos bombeiros trabalhavam no resgate, com apoio de lanchas e navios. A profundidade de cem metros, as águas barrentas e a correnteza do Solimões dificultavam as buscas. Sobreviventes disseram que o barco Comandante Sales tombou para o lado esquerdo, ficando com a lateral totalmente submersa. A maior parte dos passageiros era de adolescentes de comunidades católicas. Eles participaram da festa do Divino Espírito Santo na comunidade Lago do Pesqueiro. O retorno a Manacapuru seria feito em 1 h de barco. Após a metade da viagem, houve o acidente. A Marinha não pôde precisar o número exato de passageiros porque a embarcação estava em situação irregular na Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental. Não havia lista de passageiros. O proprietário da embarcação, Francisco Alves Sales, que é um dos prováveis desaparecidos no naufrágio, foi autuado no dia 19 de janeiro por não possuir a documentação exigida e estar navegando sem tripulação habilitada. O barco, com capacidade para 50 passageiros, chegou a ser apreendido, mas o proprietário ficou como fiel depositário. Em nota, a Marinha informou que Sales não apresentou documentação para regularização do barco. Nesse caso é impossível precisar a capacidade de carga e de passageiros. Sobreviventes do naufrágio que compareceram ontem à Delegacia da Polícia Civil de Manacapuru relataram que a embarcação, de 20 m e dois andares, partiu da comunidade Lago do Pesqueiro depois das 5h (6h em Brasília), onde aconteceu a festa católica do Divino Espírito Santo. O tempo estava nublado, mas sem chuvas. Muitos jovens estavam no barco. Os sobreviventes afirmam que foram salvos por passageiros de outras embarcações, que também seguiam para Manacapuru. "Ele [o barco] não bateu em nada, foi só o rebojo [remoinho]. Não notei se estava acima da capacidade [de lotação]. Nadei, nadei e fui socorrido por passageiros de outro barco que vinha atrás", disse por telefone o sobrevivente Osvaldo Cruz de Freitas, 40. O delegado Antônio Rodrigues abriu inquérito para investigar se houve negligência e excesso de passageiros. O barco era pilotado, no momento do acidente, por Francisco Pedro Pequeno Pacheco, que sobreviveu, mas não apresentou documentos, alegando que os perdeu no naufrágio. Próximo Texto: Barco havia sido apreendido e estava clandestino Índice |
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