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Metrô quer desapropriar área tombada na zona sul
Outro lugar protegido pelo patrimônio histórico de SP também seria afetado
Obras da linha 5-lilás vão respeitar os limites para locais tombados, afirma empresa; moradores pedem que o traçado seja alterado
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
O projeto de expansão da linha 5-lilás do Metrô de SP (Capão Redondo-Largo Treze, que
será interligada ao ramal Paulista) prevê a desapropriação de
áreas protegidas pelo patrimônio histórico municipal na
Chácara Klabin (zona sul).
Pelo plano, áreas residenciais
arborizadas do bairro, cuja arquitetura modernista e padrão
urbanístico remontam à década de 1940, darão lugar a poços
de ventilação do metrô.
Moradores do bairro querem
que o Metrô altere o traçado da
linha para evitar que ela passe
sob duas áreas. Uma delas, na
rua Maurício Klabin, é tombada -integra a antiga propriedade do imigrante lituano de mesmo nome que originou o bairro;
a outra é protegida, próxima à
Casa Modernista, que é tombada. Construída em 1928, a Casa
Modernista é considerada a
primeira obra de arquitetura
moderna no Brasil.
O Departamento de Preservação do Patrimônio Histórico
diz que é possível demolir e
construir em áreas tombadas e
protegidas desde que haja autorização prévia do órgão, mas
que ainda não avaliou o projeto.
O Metrô diz que as obras irão
respeitar os limites para locais
tombados e áreas envoltórias (a
até 300 m do bem tombado) e
que "não é possível alterar o
traçado da linha, (...) resultado
de projetos que têm como condicionantes raios mínimos e o
posicionamento da estação
Chácara Klabin", onde já passa
a linha 2-verde (Paulista).
Nas duas áreas protegidas,
que somam 2.885 m2 (um terço
de um campo de futebol) e estão separadas por cerca de 300
m, estão previstos dois dutos
de ventilação da linha, entre as
estações Santa Cruz e Chácara
Klabin, que serão interligadas.
A Amavm (Associação dos
Moradores e Amigos de Vila
Mariana) propõe que, em vez
das áreas protegidas, o Metrô
utilize terrenos livres -cita como exemplo uma área a menos
de 100 m de distância dos lotes
da rua Santa Cruz que, embora
esteja no perímetro protegido,
é usada como estacionamento.
Alternativa
A proposta prevê substituir
os dois poços de ventilação nas
áreas protegidas por apenas
um, em local intermediário.
Segundo o engenheiro de
transportes Jaime Waisman,
coautor do estudo de impacto
ambiental da obra encomendado pelo Metrô, a distância entre
os poços segue padrões internacionais de engenharia.
"É uma obra grande em uma
cidade "pronta". Há lugares que
não há como não desapropriar", diz Waisman. "É a tal
história: não dá para fazer um
omelete sem quebrar ovos."
Na área tombada na rua
Maurício Klabin existem casas
de baixo gabarito (altura) e árvores que, segundo o tombamento em 2004, mantêm "características urbanísticas do loteamento original [década de
40], área verde, solo permeável
e traçado [das vias]".
Na rua Santa Cruz, parte do
ambulatório do hospital Santa
Cruz será desapropriada.
"Querem trocar áreas arborizadas, de valor histórico e urbanístico, por "áreas mortas'", diz
a arquiteta e urbanista da
Amavm Clara Obelenes. "O
metrô é necessário, mas queremos um ajuste fino", diz ela,
que apresentou a proposta da
associação à prefeitura e ao
Metrô. O assunto será debatido
em audiência pública no dia 7.
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