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SAÚDE
Lançamento do programa do governo federal para oferta de remédios mais baratos será segunda-feira, em Salvador
Marta ganha de Lula 10 Farmácias Populares
FABIANE LEITE
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Com atraso de pelo menos dez
meses e privilegiando cidades petistas o governo Lula irá inaugurar, na próxima segunda-feira, as
primeiras unidades do programa
Farmácia Popular.
Serão 18 farmácias, 11 em duas
cidades comandadas por petistas.
A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, candidata à reeleição, será a
principal beneficiada, com dez
unidades, conforme a Folha antecipou em abril. O oposicionista
PFL receberá sete. Até ontem, o governo ainda
escondia os principais pontos do
programa, alvo de críticas.
As farmácias venderão medicamentos a baixo custo para a população. Segundo informação
prestada pelo Ministério da Saúde
ao Conselho Nacional de Saúde
-órgão de controle social do
SUS (Sistema Único de Saúde)-,
os remédios serão fornecidos em
sua maior parte pelos laboratórios oficiais, sem fins lucrativos. O
que não puder ser fabricado em
unidades públicas será comprado
via licitação da indústria farmacêutica e subsidiado, pelo governo, à população, diz o conselho.
As farmácias distribuirão 84 tipos de medicamentos, principalmente os de uso continuado, para
doenças crônicas, como diabetes.
A demora e o segredo sobre o
projeto devem-se à polêmica que
causou. No próprio Ministério da
Saúde houve intenso debate sobre
a "filosofia" do programa, que,
para alguns, fere o princípio de
universalidade do SUS.
O governo é ainda criticado por
investir em uma iniciativa em que
os medicamentos têm de ser pagos, enquanto a distribuição gratuita do SUS ainda é precária.
Uma pesquisa do Instituto de Defesa do Consumidor, de São Paulo, mostrou que em 50 unidades
de saúde visitadas a disponibilidade dos remédios foi de 55,4%,
em média. Dos brasileiros, 30%
dependem totalmente da assistência médica e farmacêutica do
SUS. E, segundo estimativa do
ministério, 53% da população
não pode comprar remédios.
"[O Farmácia Popular] É uma
questão polêmica, foi aprovada
com ressalvas no conselho", diz
Francisco Júnior, 49, membro do
Conselho Nacional de Saúde.
As ressalvas, diz ele, são de que a
distribuição gratuita continue
sendo prioridade e que as farmácias orientem o usuário sobre a
administração do remédio.
Durante a Conferência Nacional de Assistência Farmacêutica,
organizada pelo conselho em setembro do ano passado, os participantes decidiram não apoiar e
nem vetar o projeto.
Segundo Francisco Júnior, que
representa a Confederação Nacional de Trabalhadores em Seguridade Social, filiada à CUT, o conselho decidiu aprovar o programa
em maio porque representa uma
possibilidade de desmercantilizar
o acesso aos remédios.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e o ministro da Saúde, Humberto Costa, participarão do lançamento do projeto em Salvador.
Em São Paulo, a prefeita Marta
Suplicy estará na inauguração da
unidade que fica no centro, ao lado do edifício Martinelli.
O lançamento do programa foi
adiado diversas vezes pelo ministério. Em pelo menos quatro ocasiões o presidente Lula demonstrou irritação com Humberto
Costa. A data da inauguração das
farmácias foi decidida há uma semana. Até então previa-se o lançamento para ontem. O evento
ocorrerá em meio à Operação
Vampiro, que apura fraudes em
licitações do Ministério da Saúde.
As origens do programa remontam ao governo de Miguel
Arraes (PSB), em Pernambuco.
Também defendida por parlamentares do PT, ganhou a simpatia do marqueteiro do partido,
Duda Mendonça, que já tinha explorado a proposta em campanha
de Paulo Maluf (PP).
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