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SAÚDE
Iniciativa do Hospital do Servidor Público Municipal foi inaugurada ontem
Paciente terminal ganha casa para morrer em SP
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma casa para morrer, que é
também uma escola que ensina
como lidar com a morte. Essa é a
proposta da Casa de Apoio de
Cuidados Especiais inaugurada
ontem pelo Hospital do Servidor
Público Municipal de São Paulo.
Para a Casa de Apoio vão os pacientes terminais que já não respondem aos tratamentos. "Deveriam ir para suas casas, que é o lugar para se morrer. Só vêm para
cá aqueles cuja família não tem
condições de oferecer cuidados",
diz Giovanni de Sarno, diretor do
hospital. A ida para a nova área da
instituição é decidida entre médico, paciente e família.
Uma antiga residência dos barões do café próxima ao parque
da Aclimação (zona sul), alugada
por R$ 8.000 mensais, foi reformada para abrigar dez pessoas,
com conforto. Nada ali lembra
um hospital. Há acomodações para um acompanhante 24 horas, e
as visitas, inclusive de crianças,
não são limitadas.
Os pacientes que vão para a Casa de Apoio sabem que não voltarão mais. "Esse é um grande desafio para os profissionais da saúde,
acostumados a lidar com a cura,
não com a morte", diz Sarno.
"Educar os profissionais é talvez
a principal função desse espaço",
diz Dalva Yukie Matsumoto, médica oncologista e coordenadora
do projeto. Ali não há UTIs, não
se fazem procedimentos invasivos e ninguém é entubado. Há
apenas oxigênio, soro e medicamentos para evitar a dor.
O psicólogo cubano Jorge Grau
Abalo, especialista em "vivências
de morte", está há uma semana
treinando a equipe multidisciplinar que cuidará da Casa de Apoio.
Abalo já esteve 98 vezes em 20
países ensinando profissionais da
saúde a lidar com a morte. "A intenção não é curar, mas cuidar,
evitar o encarniçamento terapêutico", diz ele, referindo-se aos
equipamentos que mantêm os
pacientes vivos artificialmente.
A prefeita Marta Suplicy elogiou
a beleza do local e beijou a primeira paciente, Silvia Santos, 47. Desde 1998 ela luta contra um câncer
de mama, que se espalhou para o
fígado e agora paralisou seus braços e suas pernas. Para os médicos, já não há nada mais a fazer,
além de medicar suas dores e "humanizar" sua morte.
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