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EDUCAÇÃO
Nos cursos mais disputados da universidade, relação candidato/vaga favorece os que integram o sistema de cotas
Na UnB, concorrência é menor para negros
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Candidatos inscritos pelo sistema de cotas para negros na UnB
(Universidade de Brasília) enfrentarão concorrência bem menor
do que os outros alunos em 58 dos
61 cursos oferecidos pela instituição no vestibular deste mês.
No curso mais concorrido neste
exame -medicina-, a média
geral foi de 82,41 inscritos por vaga, no sistema de cotas, a taxa ficou em 32,71 candidatos por vaga.
Se todos os 2.390 pretendentes
disputassem as 36 vagas de medicina da UnB, a concorrência seria
de 66,39 inscritos/ vaga.
Primeira federal a reservar cotas
para negros em seu vestibular, a
UnB divulgou ontem a lista de
concorrência por curso. Medicina
e direito aparecem, nos dois casos, como os primeiros colocados, seguidos de educação física e
enfermagem e obstetrícia.
O que muda é o quinto curso
mais concorrido. Enquanto pelo
sistema universal aparece relações internacionais, com 29,56
candidatos por vaga, nas cotas está pedagogia noturno, com 19.
Para o diretor acadêmico do
Cespe (Centro de Seleção e Promoção de Eventos) da UnB, Mauro Rabelo, a diferença no número
de concorrentes entre os dois sistemas não significa que ficou mais
fácil entrar na universidade. Para
ele, a concorrência alta em cursos
como medicina e direito, mesmo
entre os candidatos negros, aponta que a disputa será equilibrada.
A prova a ser aplicada nos próximos dias 26 e 27 deste mês será a
mesma para todos os alunos.
Apenas os cursos noturnos de
arquivologia, letras com licenciatura em português e pedagogia
apresentaram concorrência
maior pelo sistema de cotas, mas
a diferença é pequena.
No caso de arquivologia, por
exemplo, enquanto a concorrência no sistema universal ficou em
17,28 candidatos por vaga, para os
alunos negros será de 18,75.
No total, a UnB recebeu 27.389
inscrições para 1.994 vagas oferecidas. Desse total, 4.173 alunos foram aceitos no sistema de cotas
para 392 vagas.
Durante a inscrição, a UnB exigiu uma foto dos candidatos inscritos pela cota. Eles passaram por
avaliação de uma comissão, e 212
não foram selecionados.
Neste fim de semana, 35 que entraram com recurso serão entrevistados pela comissão julgadora.
"As cotas na UnB estão sendo
implantadas num momento em
que a comunidade negra já está
assimilando a medida como um
direito, como uma coisa natural",
disse frei Davi Santos, coordenador da ONG Educafro. Para ele, o
vestibular é um sistema injusto e
desonesto de seleção. As cotas,
diz, tratam de "forma igual os que
estão no mesmo grupo".
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