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SAÚDE
Estudo mostra que, de 657 doentes de câncer que fizeram tratamento, 57% têm medo de ter a fertilidade comprometida
Esterilidade preocupa mulheres jovens
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das questões mais debatidas em relação ao câncer da mama em mulheres jovens é o comprometimento da fertilidade.
Dependendo do estágio do tumor, elas terão de ser submetidas
à quimioterapia e/ou radioterapia, que podem levar à esterilidade em metade dos casos.
Estudo publicado em 2004 no
"Journal of Clinical Oncology"
mostrou que 57% de 657 mulheres jovens com câncer da mama
entrevistadas tinham muita preocupação com a chance de se tornarem inférteis e 29% disseram
que esse fato influenciou no tipo
de tratamento adotado -mesmo
que ele implicasse maior chance
de reincidência da doença.
A maioria, 72%, discutiu o assunto com seus oncologistas e
17% preferiram consultar um especialista em fertilidade. Entre as
mulheres pesquisadas, 26% reclamaram que não foram bem orientadas pelos seus médicos sobre as
conseqüências do tratamento nas
chances de ter filho no futuro.
"Mulheres jovens com câncer
têm pouquíssimas opções para
preservar sua fertilidade", diz Antonio Frasson. Para ele, são necessárias pesquisas que ajudem médicos a selecionar terapias eficazes de combate à doença e preservação da fertilidade das pacientes.
Especialistas em reprodução
humana sugerem que pacientes
congelem óvulos ou tecido ovariano para, no futuro, tentarem a
gravidez por meio da fertilização
in vitro. O assunto é polêmico.
Segundo Antonio Frasson, 50%
dos tumores de mama estão associados ao hormônio estrogênio.
Assim, as estimulações ovarianas
para a fertilização in vitro, feitas
com administração de drogas à
base desse hormônio, estimularia
o crescimento do tumor. "Pode
ser uma estimulação passageira,
mas não há segurança de que não
vá contribuir para a evolução do
tumor", afirma o médico.
Segundo o oncologista Ricardo
Marques, do Hospital Sírio Libanês, como há 50% de chances de a
mulher entrar na menopausa
após a quimioterapia, muitas se
submetem à fertilização in vitro e
congelam os embriões para serem
transferidos após o tratamento. A
chance de gravidez com o procedimento é em torno de 30%.
O problema tem sido com as
mulheres sem parceiros fixos. Como ainda não há tecnologia eficaz
que garanta bom índice de gravidez com óvulo congelado, algumas tentam fecundar seus óvulos
com espermatozóides de doador
anônimo. "É uma discussão muito difícil. Casos de gravidez com
óvulo congelado são raríssimos. É
mais factível congelar o embrião."
Muitas mulheres jovens que
têm o câncer diagnosticado, diz
ele, não abrem mão da maternidade mesmo sabendo que há
maior chance de reincidência do
câncer no período de cinco anos.
Por isso, afirma, o tratamento deve ser muito discutido. (CC)
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