São Paulo, segunda-feira, 05 de junho de 2006

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Agentes têm grupo de apoio pós-rebeliões

Serviço de acolhimento, com médicos e psicólogos, foi criado para atender servidores penitenciários após motins

Organizadores do projeto dizem que hoje não há um plano de ação para cuidar e atender os servidores do sistema em situação de crise


DO "AGORA"

Antônio foi ameaçado de ter a cabeça arrancada. A João, disseram que o queimariam vivo. Ameaçada de estupro, Maria apanhou por 5 horas e teve duas fraturas no rosto.
De fictício, apenas os nomes. As situações foram vividas neste ano por agentes penitenciários, durante rebeliões em que foram mantidos como refém. Em comum, tiveram o apoio do Grupo de Acolhimento (GA), criado por voluntários para dar atendimento médico e psicológico após as rebeliões.
"Tínhamos muita reclamação de agentes que saíam de rebelião e ficavam à deriva", diz José Reinaldo da Silva, coordenador da região oeste do Estado, área de atuação da equipe. O grupo atuava informalmente há dois anos. Em fevereiro, enviou a proposta à SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) e foi reconhecido.
Na região oeste, são 35 unidades, que têm aproximadamente 30.700 detentos e 8.000 agentes. Aos voluntários cabe "acolher" o agente assim que o motim acaba, encaminhá-lo ao serviço médico e prestar acompanhamento psicológico a ele e à sua família.
A equipe possui cerca de 50 pessoas: médicos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais e agentes de segurança ligados ao sindicato dos funcionários do sistema prisional, ao núcleo de saúde da SAP e à Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Oeste.

Trabalho do Estado
"É um trabalho de escuta, de valorização do profissional", define Paulo dos Santos, um dos coordenadores. Segundo ele, cerca de 300 servidores já foram atendidos em 2006. "Na última megarrebelião, o trabalho era 24 horas."
Na justificativa para o programa, encaminhada à SAP, os coordenadores do grupo citam ter observado "o total despreparo" de funcionários e a inexistência de um plano de ação para cuidar e atender os "servidores em situação de crise".
Em alguns casos, também ajudam em questões burocráticas referentes a pedidos de licença ou afastamento. Agentes que não são feitos reféns também recebem atendimento.
"A nossa luta é para que o trabalho seja estendido às outras regiões", observa Luiz da Silva Filho, o Danone, diretor do sindicato. O sistema prisional paulista é dividido em seis coordenadorias. Segundo Silva Filho, um núcleo do GA começou a se formar na capital, onde alguns atendimentos já foram feitos.
Na opinião de um agente atendido pelo Grupo de Acolhimento, a equipe "faz o papel que deveria ser feito pelo Estado". (DANILO ALMEIDA)


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