São Paulo, sexta-feira, 05 de julho de 2002

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SAÚDE

Wladimir Alberto Santos conseguiu enganar uma clínica pediátrica e um grande hospital particular da zona norte de SP

Ex-PM é preso por se passar por médico

DA REPORTAGEM LOCAL

Um falso médico conseguiu enganar uma clínica pediátrica e pelo menos um grande hospital particular da zona norte da capital paulista. O ex-PM Wladimir Alberto Santos, 35, preso em flagrante na madrugada de ontem, foi admitido para dar plantão no Centro Médico da Infância e no Hospital e Maternidade Voluntários. Ele utilizava um registro profissional falso.
Segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, é dever dos responsáveis de hospitais e clínicas conferir a autenticidade do registro no conselho antes de contratar médicos. O órgão acompanhará o caso para verificar possíveis irregularidades no hospital e na clínica.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado no 20ยบ Distrito Policial (Água Fria), Santos apresentava-se também como médico do Hospital Presidente, do Hospital das Clínicas da USP, do Hospital Santo Antônio e do Inepro Centro Integrado de Saúde. À polícia, Santos apresentou-se como acupunturista.
A assessoria de imprensa do Hospital das Clínicas negou que Santos tenha trabalhado como médico no Instituto da Criança. Informou que ele fez parte do conselho familiar, grupo de voluntários que dá apoio e orientação a famílias de pacientes.
Os hospitais Presidente e Santo Antônio não atenderam ao pedido da reportagem para ligar de volta. A Folha não localizou os responsáveis pelo Inepro.
O advogado de Santos não foi localizado. O telefone da casa do falso profissional não atendia ontem. Segundo a polícia, ele não iria comentar o caso.
O ex-PM foi indiciado por falsificar documento público, uso de documento falso, exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica. Em sua casa foram apreendidas fitas de vídeo, crachás e aventais de hospitais.
Funcionários do Centro Médico da Infância abordaram policiais do GOE (Grupo de Operações Especiais) da Polícia Civil por volta das 20h30 de anteontem e avisaram sobre o falso profissional. Segundo um funcionário, que não quis se identificar, Santos estava em período de experiência, supervisionado por outros profissionais, e, somados os plantões, trabalhou dois dias seguidos.
O falso médico apresentou o registro no conselho de medicina, mas teria demorado para apresentar o restante da documentação para o contrato. A clínica suspeitou e resolveu consultar o conselho. Descobriu que o registro era falso.
O diretor-presidente do Hospital Voluntários, Francisco Tortorelli, disse que Santos realizou um plantão de 12 horas. Ele foi admitido para o ambulatório de acupuntura da unidade da Cantareira a partir de uma carta de recomendação do Complexo Hospitalar do Mandaqui. "Os médicos desconfiaram", disse.
O então funcionário foi chamado para uma conversa na diretoria e o hospital consultou o Mandaqui. Descobriu que a carta era falsa, mas Santos já tinha desaparecido. (FABIANE LEITE)


Colaborou JOÃO CARLOS SILVA, da Reportagem Local


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