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São Paulo, sábado, 05 de julho de 2003

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TRÂNSITO

Serviço, que foi considerado ilegal em outubro, continua sendo oferecido normalmente por bares, restaurantes e danceterias

Valets desafiam blitz e loteiam ruas de SP

SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com as blitze realizadas pela prefeitura nos bairros de Higienópolis, Vila Madalena e Vila Olímpia, os serviços de valets -manobristas de bares, restaurantes e danceterias- continuam funcionando normalmente.
A Folha visitou cerca de 20 ruas nesses bairros, onde nos últimos dias fiscais das subprefeituras e da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) recolheram placas, cones e cartazes. Todos os estabelecimentos ofereciam, na porta, o serviço, que em outubro foi considerado ilegal pelo TCM (Tribunal de Contas do Município).
A ineficácia da fiscalização é explicada pelos próprios manobristas. Eles contam que, logo que avistam o fiscal e o guincho da CET, saem correndo para dentro dos estabelecimentos ou para as ruas vizinhas. Uma hora depois, eles voltam para o ponto, instalam uma nova placa, colocam os cones para guardar lugar nas ruas e começam a estacionar os carros.
Segundo S.D., que trabalha em um valet para uma danceteria na Vila Olímpia, os fiscais deixam os funcionários tirarem as chaves dos carros das caixas e as levam vazias. Ele conta que, desde que começou a trabalhar na região, há um ano, já levaram umas dez.
O processo é parecido com o "rapa" adotado contra os camelôs: os fiscais passam recolhendo as placas, cones e cavaletes encontrados pelo caminho. Como não há uma regulamentação específica para os valets, os funcionários da prefeitura fiscalizam o uso irregular das calçadas -o que pode gerar multa de R$ 630.
Para isso, a Subprefeitura de Pinheiros, que abrange as áreas mais problemáticas com relação ao uso dos valets, conta com 70 fiscais, que devem vigiar todas as infrações de uso das calçadas.
A CET afirma que atua quando é acionada pelas subprefeituras e pode apenas punir os valets se houver desrespeito ao Código de Trânsito Brasileiro, como estacionamento de veículos em fila dupla e em locais proibidos. Porém, a companhia não soube informar quantas multas haviam sido aplicadas durante as blitze neste ano.
Em uma volta pelos quarteirões das ruas Professor Atílio Inocente e Ministro Jesuíno Cardoso, na Vila Olímpia, é possível observar os manobristas formando filas duplas com os veículos, andando na contramão, estacionando em cima das calçadas e em frente a garagens. O dono do veículo, ao entregar a chave ao manobrista, pensa que seu carro está guardado em um estacionamento.
Mas a maior parte dos valets dos bares e danceterias da Vila Olímpia e da Vila Madalena estaciona os carros nas ruas. Segundo um manobrista que não quis se identificar, os valets possuem convênios com estacionamentos, mas são poucas vagas em relação à demanda. O manobrista conta que costuma colocar os veículos mais caros nos estacionamentos e os outros ficam nas ruas ou calçadas.
As mesmas irregularidades são encontradas na praça Vilaboim, em Higienópolis. Mesmo sendo alvo de uma blitz no último final de semana, os valets continuam estacionando os carros em volta da praça, o que é proibido, e nas ruas próximas, quando se esgotam as vagas dos estacionamentos. As mesas na calçada, sujeitas a restrições por lei, diminuíram após a fiscalização, mas permaneceram em um dos bares da região.


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