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TRÂNSITO
Serviço, que foi considerado ilegal em outubro, continua sendo oferecido normalmente por bares, restaurantes e danceterias
Valets desafiam blitz e loteiam ruas de SP
SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo com as blitze realizadas
pela prefeitura nos bairros de Higienópolis, Vila Madalena e Vila
Olímpia, os serviços de valets
-manobristas de bares, restaurantes e danceterias- continuam
funcionando normalmente.
A Folha visitou cerca de 20 ruas
nesses bairros, onde nos últimos
dias fiscais das subprefeituras e da
CET (Companhia de Engenharia
de Tráfego) recolheram placas,
cones e cartazes. Todos os estabelecimentos ofereciam, na porta, o
serviço, que em outubro foi considerado ilegal pelo TCM (Tribunal
de Contas do Município).
A ineficácia da fiscalização é explicada pelos próprios manobristas. Eles contam que, logo que
avistam o fiscal e o guincho da
CET, saem correndo para dentro
dos estabelecimentos ou para as
ruas vizinhas. Uma hora depois,
eles voltam para o ponto, instalam uma nova placa, colocam os
cones para guardar lugar nas ruas
e começam a estacionar os carros.
Segundo S.D., que trabalha em
um valet para uma danceteria na
Vila Olímpia, os fiscais deixam os
funcionários tirarem as chaves
dos carros das caixas e as levam
vazias. Ele conta que, desde que
começou a trabalhar na região, há
um ano, já levaram umas dez.
O processo é parecido com o
"rapa" adotado contra os camelôs: os fiscais passam recolhendo
as placas, cones e cavaletes encontrados pelo caminho. Como não
há uma regulamentação específica para os valets, os funcionários
da prefeitura fiscalizam o uso irregular das calçadas -o que pode
gerar multa de R$ 630.
Para isso, a Subprefeitura de Pinheiros, que abrange as áreas
mais problemáticas com relação
ao uso dos valets, conta com 70
fiscais, que devem vigiar todas as
infrações de uso das calçadas.
A CET afirma que atua quando
é acionada pelas subprefeituras e
pode apenas punir os valets se
houver desrespeito ao Código de
Trânsito Brasileiro, como estacionamento de veículos em fila dupla
e em locais proibidos. Porém, a
companhia não soube informar
quantas multas haviam sido aplicadas durante as blitze neste ano.
Em uma volta pelos quarteirões
das ruas Professor Atílio Inocente
e Ministro Jesuíno Cardoso, na
Vila Olímpia, é possível observar
os manobristas formando filas
duplas com os veículos, andando
na contramão, estacionando em
cima das calçadas e em frente a
garagens. O dono do veículo, ao
entregar a chave ao manobrista,
pensa que seu carro está guardado em um estacionamento.
Mas a maior parte dos valets dos
bares e danceterias da Vila Olímpia e da Vila Madalena estaciona
os carros nas ruas. Segundo um
manobrista que não quis se identificar, os valets possuem convênios com estacionamentos, mas
são poucas vagas em relação à demanda. O manobrista conta que
costuma colocar os veículos mais
caros nos estacionamentos e os
outros ficam nas ruas ou calçadas.
As mesmas irregularidades são
encontradas na praça Vilaboim,
em Higienópolis. Mesmo sendo
alvo de uma blitz no último final
de semana, os valets continuam
estacionando os carros em volta
da praça, o que é proibido, e nas
ruas próximas, quando se esgotam as vagas dos estacionamentos. As mesas na calçada, sujeitas
a restrições por lei, diminuíram
após a fiscalização, mas permaneceram em um dos bares da região.
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