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"Apontam armas para todo mundo"
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Em meio à guerra pelo controle
de pontos-de-venda de drogas do
morro do Adeus, dezenas de pessoas abandonaram suas casas. As
cerca de 70 pessoas que, desde a
noite de anteontem, se refugiaram na praça das Nações -a 500
m da favela- mostravam medo
de não poder voltar para casa.
"Teve gente que fugiu ontem
[sábado] mesmo e passou a noite
na rua. Eles [os traficantes] estão
buscando os homens que moram
na favela. Apontam armas para
todo mundo, agridem e ameaçam
as pessoas", disse um morador de
53 anos. Ele afirmou que vive há
50 anos no morro.
O medo de sofrer represálias ao
voltar para a favela fazia com que
praticamente todos se recusassem
a dizer nomes ou posar para fotos.
A dona-de-casa H.C., 28, mora
na rua Aquiri, um dos acessos ao
morro do Adeus, desde que nasceu. Ela saiu de casa por volta das
6h, levando os três filhos e uma
mochila com poucas roupas.
"Quem mora na favela está
acostumado com o tráfico, mas
eu nunca tinha visto nada parecido com isso. Os traficantes, com
armas apontadas para as pessoas,
entravam nas casas e roubavam o
que encontravam, além de ameaçar os homens de morte", disse
ela, que decidiu ir para a casa da
irmã, em Bangu (zona oeste).
M.N., 32, saiu de casa por volta
de 23h de anteontem, levando os
sete filhos para a casa de parentes
em Duque de Caxias (região metropolitana do Rio). Segundo ela,
as melhores casas da favela eram
invadidas e saqueadas.
"Eles [os traficantes] acham
que, se a casa é um pouco melhor,
é porque o dono tem ligação com
o tráfico. Aí invadem", disse. "Se
for jovem, eles dizem logo que é
do "movimento" [tráfico], agridem e matam."
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