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Guerra do tráfico mata ao menos 8 no Rio
Disputa interna em morro provoca intenso tiroteio na madrugada de segunda; vítimas foram deixadas em dois carros
Outros cinco corpos foram encontrados nas proximidades da favela, mas, segundo a polícia, três não têm relação com o caso
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
ITALO NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
A guerra entre traficantes do
morro do São Carlos, no Estácio, centro do Rio, resultou em
oito mortes, entre elas a de um
adolescente de 14 anos. Os corpos foram abandonados com
muitos tiros de pistola e fuzil
dentro de dois carros roubados,
no Engenho Novo, na zona norte. Alguns tinham as mãos
amarradas e um estava com a
calça arriada.
Outros cinco corpos foram
encontrados nas proximidades
do morro do São Carlos entre a
manhã de segunda-feira e a tarde de ontem. Pelo menos três
mortes já estão descartadas pela polícia de fazer parte da mesma guerra. Outros dois homens, que foram encontrados
em um carro, podem ter ligação
com o conflito.
De acordo com o delegado
Ronald Hurst, da 25ª DP (Engenho Novo), os oito jovens estavam mortos havia mais de 20
horas, o que confirmaria que
foram assassinados durante
um intenso tiroteio na madrugada de segunda-feira no São
Carlos. A polícia ainda não sabe
por que os corpos foram deixados em outro bairro.
Segundo Hurst, pode ser que
haja outros mortos, já que vários parentes de moradores da
favela estão procurando desaparecidos na delegacia.
Desde a manhã de ontem, a
Polícia Militar faz incursões no
morro. De acordo com o comandante do 1º BPM, tenente-coronel Álvaro Sérgio de Moura, a PM recebeu denúncia de
que haveria sete mortos no
morro. Nenhum deles foi encontrado.
O São Carlos é comandado
pela facção ADA (Amigo dos
Amigos). Desde a morte de Gilson Ramos da Silva, o Aritana,
em março, o morro é palco de
disputas internas. Aritana era o
sucessor do traficante Irapuan
David Lopes, o Gangan, um dos
maiores líderes da ADA.
Servente
A polícia investiga a hipótese
de o ataque ter sido liderado
por um traficante identificado
apenas como Thiago, também
conhecido por Coelho. Ele teria
herdado as bocas-de-fumo de
Aritana, na parte alta do morro.
Por suspeitar que os gerentes
das vendas de droga da parte
baixa planejavam um golpe, resolveu agir primeiro.
Os mortos foram identificados como Carlos Eduardo Gomes Reinoso, 24, Alexander de
Jesus, 19, Willian dos Santos,
22, Washington dos Santos
Teixeira, 25, Luiz Cláudio Gonçalves Oliveira, 24, Kleiton de
Oliveira Martins, 22, Leandro
Correia Gomes de Souza, 20, e
Wallace Barbosa, 14.
No IML (Instituto Médico
Legal), a irmã de Alexander,
que não quis se identificar, afirmou que o rapaz era servente.
"Ele saiu para uma festa de rua
às 22h. Por volta das 2h, teve
um intenso tiroteio no morro.
Na hora, ouvi um boato de que
teria invasão de traficantes. Foi
uma chacina, uma coisa horrível", contou.
Outros mortos
Nas proximidades do São
Carlos foram encontrados outros cinco mortos. Dois estavam dentro de um carro no
centro. Um deles namorava
uma jovem do São Carlos. O outro ainda não foi identificado. A
polícia ainda não descarta a hipótese de essas mortes terem
ligação com a chacina. A namorada será ouvida hoje.
Outros dois estavam em sacos plásticos dentro do canal do
Mangue, na avenida Presidente
Vargas, no centro. A suspeita é
que seriam vítimas de traficantes da Providência, no centro. O
quinto corpo foi encontrado na
rua Itapiru, próxima ao morro
do São Carlos. A vítima foi espancada e não havia sido identificada até a conclusão desta
edição.
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