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Aluno de CEU fica abaixo da média da rede municipal
Nota da 8ª série na Prova Brasil foi menor em 8 escolões
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os CEUs (centros educacionais unificados) foram concebidos pela Prefeitura de São
Paulo como modelo que elevaria a qualidade da educação pública da cidade, mas na última
edição da Prova Brasil (exame
do Ministério da Educação que
avalia os alunos em matemática e português), em 2007, parte
deles ficou abaixo da média da
rede municipal em geral.
No caso dos alunos da oitava
série, de 14 CEUs avaliados, nove tiveram nota menor que a
média da rede municipal. Na
quarta série, seis tiveram desempenho inferior.
Uma das razões, segundo especialistas, é o fato de os CEUs
estarem em áreas carentes. Por
causa do nível social, dizem, esses alunos tendem a ter um desempenho mais baixo.
Isso, porém, não explica todos os resultados. Houve casos
em que, na mesma região, escolas comuns tiveram notas mais
altas que os CEUs vizinhos.
As notas de alguns CEUs diminuíram na comparação das
edições 2005 e 2007 da Prova
Brasil. Na oitava série, caiu a
nota de sete dos 14 CEUs. Na
quarta, a nota de todos subiu.
A Secretaria Municipal da
Educação foi procurada pela
Folha, mas não quis se pronunciar pelo fato de o Ministério da
Educação ter divulgado no mês
passado dados errados sobre as
aprovações dos alunos da rede.
Os CEUs são escolas que oferecem a crianças da creche até a
oitava série uma grande infra-estrutura esportiva (piscinas,
quadras e pista de skate) e artística (teatro, cinema, estúdio
musical e sala de dança).
"O pai pensa que o filho está
numa escola melhor, mas o que
a gente vê é que o CEU funciona como outra escola qualquer", diz a socióloga Maria Alice Setúbal, do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação,
Cultura e Ação Comunitária.
Ocimar Munhoz Alavarse,
professor da Faculdade de
Educação da USP, concorda:
"Sou favorável às atividades.
Enriquecem a vida das pessoas.
Mas de nada adianta os alunos
terem equitação, esgrima e tai
chi chuan se o processo pedagógico em si não muda".
Os CEUs têm frustrado as expectativas porque as atividades
extras não estão diretamente
ligadas às salas de aula, na avaliação da educadora Maria Aparecida Perez, que foi secretária
da Educação na gestão Marta
Suplicy (PT). "Antes, as peças
de teatro complementavam algum aspecto do currículo. Hoje, as atividades não são definidas em conjunto com a escola."
Para o deputado José Pinotti
(DEM-SP), secretário municipal da Educação na gestão José
Serra (PSDB), a solução seria
manter os alunos no CEU mesmo fora do horário de aula. Hoje, eles não são obrigados a ficar
lá para as atividades extras.
Os CEUs foram criados na
gestão Marta Suplicy. O atual
prefeito, Gilberto Kassab
(DEM), manteve o modelo. Como os dois tentarão ser eleitos
em outubro, os CEUs estarão,
nos próximos meses, no centro
da campanha municipal.
"Apesar das notas, não é um
fracasso", diz Maria Alice Setúbal. "A comunidade freqüenta
as atividades, a piscina, o teatro. Quando dá um equipamento de primeira qualidade, você
trata a periferia com respeito."
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