São Paulo, sábado, 05 de julho de 2008

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Aluno de CEU fica abaixo da média da rede municipal

Nota da 8ª série na Prova Brasil foi menor em 8 escolões

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os CEUs (centros educacionais unificados) foram concebidos pela Prefeitura de São Paulo como modelo que elevaria a qualidade da educação pública da cidade, mas na última edição da Prova Brasil (exame do Ministério da Educação que avalia os alunos em matemática e português), em 2007, parte deles ficou abaixo da média da rede municipal em geral.
No caso dos alunos da oitava série, de 14 CEUs avaliados, nove tiveram nota menor que a média da rede municipal. Na quarta série, seis tiveram desempenho inferior.
Uma das razões, segundo especialistas, é o fato de os CEUs estarem em áreas carentes. Por causa do nível social, dizem, esses alunos tendem a ter um desempenho mais baixo.
Isso, porém, não explica todos os resultados. Houve casos em que, na mesma região, escolas comuns tiveram notas mais altas que os CEUs vizinhos.
As notas de alguns CEUs diminuíram na comparação das edições 2005 e 2007 da Prova Brasil. Na oitava série, caiu a nota de sete dos 14 CEUs. Na quarta, a nota de todos subiu.
A Secretaria Municipal da Educação foi procurada pela Folha, mas não quis se pronunciar pelo fato de o Ministério da Educação ter divulgado no mês passado dados errados sobre as aprovações dos alunos da rede.
Os CEUs são escolas que oferecem a crianças da creche até a oitava série uma grande infra-estrutura esportiva (piscinas, quadras e pista de skate) e artística (teatro, cinema, estúdio musical e sala de dança).
"O pai pensa que o filho está numa escola melhor, mas o que a gente vê é que o CEU funciona como outra escola qualquer", diz a socióloga Maria Alice Setúbal, do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária.
Ocimar Munhoz Alavarse, professor da Faculdade de Educação da USP, concorda: "Sou favorável às atividades. Enriquecem a vida das pessoas. Mas de nada adianta os alunos terem equitação, esgrima e tai chi chuan se o processo pedagógico em si não muda".
Os CEUs têm frustrado as expectativas porque as atividades extras não estão diretamente ligadas às salas de aula, na avaliação da educadora Maria Aparecida Perez, que foi secretária da Educação na gestão Marta Suplicy (PT). "Antes, as peças de teatro complementavam algum aspecto do currículo. Hoje, as atividades não são definidas em conjunto com a escola."
Para o deputado José Pinotti (DEM-SP), secretário municipal da Educação na gestão José Serra (PSDB), a solução seria manter os alunos no CEU mesmo fora do horário de aula. Hoje, eles não são obrigados a ficar lá para as atividades extras.
Os CEUs foram criados na gestão Marta Suplicy. O atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM), manteve o modelo. Como os dois tentarão ser eleitos em outubro, os CEUs estarão, nos próximos meses, no centro da campanha municipal.
"Apesar das notas, não é um fracasso", diz Maria Alice Setúbal. "A comunidade freqüenta as atividades, a piscina, o teatro. Quando dá um equipamento de primeira qualidade, você trata a periferia com respeito."


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