São Paulo, segunda-feira, 05 de agosto de 2002

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País desperdiça 85 milhões de toneladas por ano

DA REPORTAGEM LOCAL

O entulho que deixa de ser reciclado em todo o Brasil anualmente, em torno de 85 milhões de toneladas, seria suficiente para pavimentar 3.500 km de estradas, o equivalente a seis vezes a rodovia Fernão Dias (que liga os Estados de Minas Gerais e São Paulo) ou mais de 75% da Rio-Bahia.
O cálculo é do grupo que elaborou a resolução do Conama sobre resíduos de construção civil, que passa a valer em janeiro de 2003.
Com status de lei, ela define responsabilidades e prazos para que as prefeituras e construtoras elaborem, aprovem e coloquem em prática planos de gerenciamento integrado que incluam coleta, triagem, transporte e destinação final do entulho, com mecanismos de incentivo ao seu reuso.
O objetivo é ao menos guardar adequadamente o resíduo, possibilitando sua futura reciclagem.
Os municípios têm dois anos e meio para criar seus projetos e implantá-los. Além de São Paulo, outras cidades paulistas já têm decretos sobre o tema, a exemplo de Piracicaba (162 km da capital), que privilegia o uso de agregado reciclado (material que resulta da moagem da parte reaproveitável do entulho) em obras públicas.
Cerca de 80% do lixo de construção pode ser moído e usado como base na pavimentação e na construção civil, e quase 10% são plásticos, metais, vidros e papéis.
Na avaliação de Gerson Almeida, presidente da Anamma (Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente), o principal obstáculo à aplicação das medidas exigidas pelo Conama é a obtenção de financiamento.
Já o setor da construção civil tem críticas à resolução, ainda que reconheça sua importância. O Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil) reprova o fato de as construtoras serem co-responsáveis pelo resíduo até o momento de sua destinação final e a indefinição das atribuições dos fabricantes de materiais não-recicláveis, como o gesso.
"Da forma como foi aprovada, a resolução compromete a sua própria viabilidade", diz Francisco Vasconcellos, vice-presidente do sindicato. Até 2005, as construtoras devem ter seus planos de gerenciamento de entulho aprovados e implantados. (MV)


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