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País desperdiça 85 milhões de toneladas por ano
DA REPORTAGEM LOCAL
O entulho que deixa de ser reciclado em todo o Brasil anualmente, em torno de 85 milhões de toneladas, seria suficiente para pavimentar 3.500 km de estradas, o
equivalente a seis vezes a rodovia
Fernão Dias (que liga os Estados
de Minas Gerais e São Paulo) ou
mais de 75% da Rio-Bahia.
O cálculo é do grupo que elaborou a resolução do Conama sobre
resíduos de construção civil, que
passa a valer em janeiro de 2003.
Com status de lei, ela define responsabilidades e prazos para que
as prefeituras e construtoras elaborem, aprovem e coloquem em
prática planos de gerenciamento
integrado que incluam coleta,
triagem, transporte e destinação
final do entulho, com mecanismos de incentivo ao seu reuso.
O objetivo é ao menos guardar
adequadamente o resíduo, possibilitando sua futura reciclagem.
Os municípios têm dois anos e
meio para criar seus projetos e
implantá-los. Além de São Paulo,
outras cidades paulistas já têm decretos sobre o tema, a exemplo de
Piracicaba (162 km da capital),
que privilegia o uso de agregado
reciclado (material que resulta da
moagem da parte reaproveitável
do entulho) em obras públicas.
Cerca de 80% do lixo de construção pode ser moído e usado
como base na pavimentação e na
construção civil, e quase 10% são
plásticos, metais, vidros e papéis.
Na avaliação de Gerson Almeida, presidente da Anamma (Associação Nacional de Municípios
e Meio Ambiente), o principal
obstáculo à aplicação das medidas exigidas pelo Conama é a obtenção de financiamento.
Já o setor da construção civil
tem críticas à resolução, ainda que
reconheça sua importância. O
Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil) reprova o fato de as construtoras serem co-responsáveis pelo resíduo
até o momento de sua destinação
final e a indefinição das atribuições dos fabricantes de materiais
não-recicláveis, como o gesso.
"Da forma como foi aprovada, a
resolução compromete a sua própria viabilidade", diz Francisco
Vasconcellos, vice-presidente do
sindicato. Até 2005, as construtoras devem ter seus planos de gerenciamento de entulho aprovados e implantados.
(MV)
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