São Paulo, segunda-feira, 05 de agosto de 2002

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AIDS

Documento elaborado por onze entidades de apoio critica a qualidade do tratamento dado pelo Ministério da Saúde

Para ONGs, assistência ao doente é falha

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Onze ONGs-Aids de peso fecharam nos últimos dias, em São Paulo, documento com críticas à qualidade da assistência aos doentes dada pelo Ministério da Saúde. A morte de seis ativistas em julho último levou o grupo a apresentar uma nova pauta de reivindicações ao governo.
"Por que morrem nossos amigos?" é o título do documento, que chegará ao ministério nos próximos dias e será levado ao fórum de ONGs-Aids de São Paulo para uma discussão mais ampla.
Estudos sobre os efeitos colaterais do coquetel anti-Aids e das causas das mortes pelo HIV são uma das principais cobranças da pauta. "É preciso um trabalho de conscientização dos profissionais dos serviços e familiares dos pacientes sobre a importância da autópsia e do acesso aos prontuários", afirma o documento.
Para Mário Scheffer, do Grupo Pela Vidda, os efeitos colaterais das drogas merecem registro específico para acompanhamento. "São efeitos colaterais severos, como problemas no coração, aumento de gordura no sangue. Mas não temos preparo para acompanhar de perto", afirma.
Os problemas da assistência aos doentes são colocados em pauta no momento em que o governo ainda colhe os louros do sucesso do programa brasileiro de combate à doença durante a última conferência internacional sobre Aids, no início de julho.
Os militantes reconhecem os avanços do programa governamental, apontando a redução de mortalidade e internações, mas pedem o reconhecimento da ação das ONGs. "Tudo isso é fruto, em grande parte, do ativismo e mobilização das ONGs e das pessoas vivendo com HIV e Aids."
No texto, os militantes reclamam do tom "ufanista" do ministério sobre a doença. O documento coloca como meta do ativismo "não permitir a banalização da epidemia", "fortalecer a presença das ONGs" e "investir na capacitação" de novos militantes.
A reivindicação dos militantes agrega ainda a necessidade de mais humanização no atendimento e de "integração entre os serviços" que acolhem soropositivos. Há críticas também à superlotação dessas unidades e à falta de medicamentos para doenças oportunistas, além da longa espera por exames, que geram dificuldades no acompanhamento da infecção pelo HIV.
Segundo Scheffer, um dos militantes morreu em decorrência de uma sinusite que demorou para ser diagnosticada e evoluiu para uma infecção generalizada.
O documento foi elaborado pelas ONGs Alivi, Associação Lar, Vida Positiva, Avaids, É de Lei, Gapa São Paulo, GIV (Grupo de Incentivo à Vida), Lutando pela Vida, Pela Vidda/SP, Projeto Esperança e RNP+São Paulo.
Opinaram na elaboração do documento um total de 52 representantes dessas entidades.



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