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AIDS
Documento elaborado por onze entidades de apoio critica a qualidade do tratamento dado pelo Ministério da Saúde
Para ONGs, assistência ao doente é falha
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Onze ONGs-Aids de peso fecharam nos últimos dias, em São
Paulo, documento com críticas à
qualidade da assistência aos
doentes dada pelo Ministério da
Saúde. A morte de seis ativistas
em julho último levou o grupo a
apresentar uma nova pauta de
reivindicações ao governo.
"Por que morrem nossos amigos?" é o título do documento,
que chegará ao ministério nos
próximos dias e será levado ao fórum de ONGs-Aids de São Paulo
para uma discussão mais ampla.
Estudos sobre os efeitos colaterais do coquetel anti-Aids e das
causas das mortes pelo HIV são
uma das principais cobranças da
pauta. "É preciso um trabalho de
conscientização dos profissionais
dos serviços e familiares dos pacientes sobre a importância da
autópsia e do acesso aos prontuários", afirma o documento.
Para Mário Scheffer, do Grupo
Pela Vidda, os efeitos colaterais
das drogas merecem registro específico para acompanhamento.
"São efeitos colaterais severos, como problemas no coração, aumento de gordura no sangue. Mas
não temos preparo para acompanhar de perto", afirma.
Os problemas da assistência aos
doentes são colocados em pauta
no momento em que o governo
ainda colhe os louros do sucesso
do programa brasileiro de combate à doença durante a última
conferência internacional sobre
Aids, no início de julho.
Os militantes reconhecem os
avanços do programa governamental, apontando a redução de
mortalidade e internações, mas
pedem o reconhecimento da ação
das ONGs. "Tudo isso é fruto, em
grande parte, do ativismo e mobilização das ONGs e das pessoas vivendo com HIV e Aids."
No texto, os militantes reclamam do tom "ufanista" do ministério sobre a doença. O documento coloca como meta do ativismo
"não permitir a banalização da
epidemia", "fortalecer a presença
das ONGs" e "investir na capacitação" de novos militantes.
A reivindicação dos militantes
agrega ainda a necessidade de
mais humanização no atendimento e de "integração entre os
serviços" que acolhem soropositivos. Há críticas também à superlotação dessas unidades e à falta
de medicamentos para doenças
oportunistas, além da longa espera por exames, que geram dificuldades no acompanhamento da
infecção pelo HIV.
Segundo Scheffer, um dos militantes morreu em decorrência de
uma sinusite que demorou para
ser diagnosticada e evoluiu para
uma infecção generalizada.
O documento foi elaborado pelas ONGs Alivi, Associação Lar,
Vida Positiva, Avaids, É de Lei,
Gapa São Paulo, GIV (Grupo de
Incentivo à Vida), Lutando pela
Vida, Pela Vidda/SP, Projeto Esperança e RNP+São Paulo.
Opinaram na elaboração do documento um total de 52 representantes dessas entidades.
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