|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Outro lado
Líderes negam extorsões e prefeitura afirma que repassa denúncias à polícia
DA REPORTAGEM LOCAL
Há líderes dos perueiros que
negam oficialmente a existência de extorsões contra cooperados e pedágios pagos a criminosos para operar nas linhas.
Agnaldo Sabino Pereira, presidente da Associação Paulistana, da zona leste, diz que "esse
tipo de coisa não existe" na área
sob sua responsabilidade e que
ele nunca recebeu nenhuma
contestação desse tipo. "Já fiz
reunião com os operadores e
disse que, se alguém tivesse alguma reclamação, que se manifestasse. Ninguém falou nada."
Questionado sobre sua atuação simultânea como cabo da
PM e perueiro, ele diz que está
de licença da corporação. Também negou extorsão dentro de
sua cooperativa ou seu enriquecimento ilícito, conforme
investiga a corregedoria.
Ele disse que "não tem fundamento" a vinculação de uma
de suas garagens, que era comandada por Cléber Coca, com
a facção PCC. Afirmou não ter
"a menor idéia" da intenção dos
que fazem essas acusações e
que Coca não dirige mais, "há
alguns meses", essa garagem.
Segundo ele, sua cooperativa
cobra diária de R$ 19 de cada
operador e retém mais 3% do
faturamento bruto para bancar
somente despesas internas.
Cléber Coca foi procurado
nas duas últimas semanas pela
Folha, mas não respondeu aos
pedidos de entrevista. Foram
deixados recados com funcionários da cooperativa, que disseram que lhe repassariam, e
com a mãe dele.
O vereador do PT e presidente do Sindlotação, Senival Moura, disse que recomenda aos perueiros que denunciem as extorsões. "Os operadores têm de
exigir seus direitos. Se forem
ameaçados, devem ir à polícia."
Dirigentes de algumas cooperativas -como a Transcooper, a Cooper Pam e a Cooperpeople- admitem a existência
de extorsões, mas dizem que
são vítimas e que elas ocorrem
nas linhas, sem nenhuma ligação com a direção da categoria.
Líderes da garagem 2 da Cooper Pam, investigados pela polícia por suposta ligação com o
PCC, dizem que a acusação tem
"conotação política". Admitem
a existência de propinas nas linhas, mas sem ligação com a
cooperativa.
Questionada sobre as denúncias, a Secretaria dos Transportes da gestão Gilberto Kassab
(PFL) disse que informa a polícia sempre que "toma conhecimento" de extorsão. Quanto à
troca dos perueiros autorizados no sistema, a pasta afirma
que a contratação da prefeitura
é com a cooperativa e "ela pode" fazer a substituição.
Disse ainda que "se há algum
autônomo que é policial e se há
impedimento para tanto quem
pode esclarecer é a PM ou a Polícia Civil".
A Secretaria da Segurança
Pública confirma a ilegalidade
na atuação de policiais como
perueiros e diz que investiga os
casos denunciados. Em relação
à denúncia de pedágio nas linhas tomadas por policiais,
conforme relatado à pasta em
julho de 2005, informou que a
investigação continua sendo
feita.
(AI)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: CD exalta violência de tropa de elite do Rio Índice
|