São Paulo, sábado, 05 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Outro lado

Líderes negam extorsões e prefeitura afirma que repassa denúncias à polícia

DA REPORTAGEM LOCAL

Há líderes dos perueiros que negam oficialmente a existência de extorsões contra cooperados e pedágios pagos a criminosos para operar nas linhas.
Agnaldo Sabino Pereira, presidente da Associação Paulistana, da zona leste, diz que "esse tipo de coisa não existe" na área sob sua responsabilidade e que ele nunca recebeu nenhuma contestação desse tipo. "Já fiz reunião com os operadores e disse que, se alguém tivesse alguma reclamação, que se manifestasse. Ninguém falou nada."
Questionado sobre sua atuação simultânea como cabo da PM e perueiro, ele diz que está de licença da corporação. Também negou extorsão dentro de sua cooperativa ou seu enriquecimento ilícito, conforme investiga a corregedoria.
Ele disse que "não tem fundamento" a vinculação de uma de suas garagens, que era comandada por Cléber Coca, com a facção PCC. Afirmou não ter "a menor idéia" da intenção dos que fazem essas acusações e que Coca não dirige mais, "há alguns meses", essa garagem.
Segundo ele, sua cooperativa cobra diária de R$ 19 de cada operador e retém mais 3% do faturamento bruto para bancar somente despesas internas.
Cléber Coca foi procurado nas duas últimas semanas pela Folha, mas não respondeu aos pedidos de entrevista. Foram deixados recados com funcionários da cooperativa, que disseram que lhe repassariam, e com a mãe dele.
O vereador do PT e presidente do Sindlotação, Senival Moura, disse que recomenda aos perueiros que denunciem as extorsões. "Os operadores têm de exigir seus direitos. Se forem ameaçados, devem ir à polícia."
Dirigentes de algumas cooperativas -como a Transcooper, a Cooper Pam e a Cooperpeople- admitem a existência de extorsões, mas dizem que são vítimas e que elas ocorrem nas linhas, sem nenhuma ligação com a direção da categoria.
Líderes da garagem 2 da Cooper Pam, investigados pela polícia por suposta ligação com o PCC, dizem que a acusação tem "conotação política". Admitem a existência de propinas nas linhas, mas sem ligação com a cooperativa.
Questionada sobre as denúncias, a Secretaria dos Transportes da gestão Gilberto Kassab (PFL) disse que informa a polícia sempre que "toma conhecimento" de extorsão. Quanto à troca dos perueiros autorizados no sistema, a pasta afirma que a contratação da prefeitura é com a cooperativa e "ela pode" fazer a substituição.
Disse ainda que "se há algum autônomo que é policial e se há impedimento para tanto quem pode esclarecer é a PM ou a Polícia Civil".
A Secretaria da Segurança Pública confirma a ilegalidade na atuação de policiais como perueiros e diz que investiga os casos denunciados. Em relação à denúncia de pedágio nas linhas tomadas por policiais, conforme relatado à pasta em julho de 2005, informou que a investigação continua sendo feita. (AI)


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: CD exalta violência de tropa de elite do Rio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.