Ministro, que pretendia agora só fazer reparos na pista principal e deixar o restauro para 2008, foi convencido pela Infraero

Obra terá três fases, cada uma com duração de 30 dias; na última etapa, a pista provavelmente será totalmente interditada

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM COARI

O ministro da Defesa, Nelson Jobim (PMDB-RS), que pretendia fazer por ora apenas reparos na pista principal de Cumbica (Guarulhos), voltou atrás e anunciou que a reforma terá início nesta semana.
O recapeamento será feito em três etapas, de 30 dias cada. A pista, de 3.700 m, será dividida em três. Na primeira etapa, serão reformados os 1.200 m da cabeceira, liberando os demais 2.500 m para operação.
Na segunda, haverá recapeamento dos 1.200 m da parte inicial, com o restante em operação. Na terceira fase, com as obras no centro, a pista provavelmente terá de ser totalmente interditada. A reforma deve custar R$ 12 milhões.
Durante a reforma nas pontas das pistas, serão proibidos apenas vôos internacionais em aviões de porte excepcional, como o Jumbo, o MD11 e o Airbus-340. Os vôos domésticos poderão operar normalmente.
Na semana passada, em entrevista à Folha, o brigadeiro José Carlos Pereira, que ainda estava na presidência da Infraero (estatal que administra os aeroportos), declarou que a pista principal de Cumbica "não é confiável". "Tem 20 anos, está cheia de remendos."
Ontem, Jobim disse que desistiu de fazer apenas reparos porque engenheiros da Infraero descartaram essa alternativa (pela qual a reforma definitiva só começaria em março).
O restauro da pista, inicialmente programado para o dia 10 de julho (antes do acidente da TAM), já havia sido adiado por pressão das empresas aéreas nacionais, que não queriam perder passageiros nas férias. Após o acidente, Cumbica passou a receber 151 vôos transferidos de Congonhas.
Jobim, que estava em Manaus (AM) acompanhado do filósofo Mangabeira Unger, titular da Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, afirmou que irá definir amanhã com a Infraero se haverá mesmo interdição total da pista durante a terceira fase das obras.
Disse que a decisão sairá de análise do brigadeiro Ramon Cardoso, da Aeronáutica.

Airbus
Jobim disse ainda que a hipótese de defeito no Airbus da TAM que explodiu em Congonhas não está afastada, diferentemente do que disse a Airbus, em nota oficial. "[A falha técnica] poderá estar descartada para a Airbus, [mas] não está descartada para o conjunto [das investigações], porque não há nenhuma conclusão ainda. Há trabalhos que estão avançando, mas a conclusão final não foi estabelecida, não se descarta nada", afirmou


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