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SAÚDE/ AMAMENTAÇÃO
Aleitamento na 1ª hora de vida diminui mortalidade
Campanha quer difundir amamentação nos primeiros momentos de vida dos bebês
Pesquisa mostra que prática reduz em até 22% o risco de morte no neonatal, período que vai desde o nascimento até o 28º dia de vida do bebê
PAULO DE ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma campanha para incentivar as mães a amamentar seus
filhos já na primeira hora de vida começou a ser divulgada na
semana passada. A prática é
pouco difundida no país, dizem
especialistas, mas traz uma série de benefícios para a mãe e
para o bebê no neonatal -período que vai desde o nascimento até o 28º dia de vida.
Por exemplo, a primeira imunização, por meio do colostro
-leite ainda em formação, mas
rico em anticorpos-, é recebida com mais imediatismo pelo
organismo, o que aumenta a
proteção do bebê contra infecções, a principal causa de mortalidade nos recém-nascidos.
Em segundo lugar, a mamada
da criança estimula bastante a
produção de leite materno e
agiliza a liberação do hormônio
ocitocina, cuja ação induz as
contrações do útero e ajuda a
evitar hemorragias no pós-parto. O efeito é tão mais eficaz
quanto mais cedo o bebê começar a mamar, pois a sucção nos
primeiros momentos de vida é
mais vigorosa.
Também é desejável que o
contato pele a pele entre mãe e
filho aconteça rapidamente.
"Isso transmite calor e conforto ao bebê, além de reforçar os
vínculos afetivos", esclarece a
presidente do departamento de
aleitamento materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo,
Valdenise Tuma Calil.
No Brasil, não há estatísticas
atuais sobre a amamentação na
primeira hora de vida. Segundo
o diretor do departamento de
Ações Programáticas e Estratégicas do Ministério da Saúde,
Adson França, porém, essa não
é uma praxe, como deveria ser.
A Semana Mundial de Aleitamento Materno, que termina
na terça, tem neste ano, como
principal slogan "Amamentação na Primeira Hora, Proteção
sem Demora".
Se colocada na rotina, a prática pode reduzir significativamente a mortalidade de recém-nascidos. Uma pesquisa realizada em Gana, na África, com
10.948 recém-nascidos entre
2003 e 2004 mostrou que a
amamentação na primeira hora pode reduzir em 22% o risco
de morte no primeiro mês de
vida, o período de neonatal.
"Por isso, nós damos uma
grande ênfase a isso. Começamos um trabalho de qualificação de agentes comunitários
para que o aleitamento materno entre na rotina", diz França.
O mais rápido possível
O ideal é que, após o nascimento, o bebê seja colocado
junto à mãe o quanto antes,
com o mínimo de intervenções
possível, explica a médica pediatra e professora da Unifesp e
da Unisa, Lélia Gouvêa. "O pediatra faz um exame geral, seca
o bebê com delicadeza e, em
minutos, devolve-o à mãe."
O Hospital e Maternidade
São Luiz, em São Paulo, preconiza o imediatismo. Neste mês,
a instituição lança o programa
"Sentindo a Luz". Logo ao nascer, o bebê já será colocado para
mamar. A idéia é que o pai ajude a mãe na tarefa, amparando
o recém-nascido, já que a mulher, provavelmente, ainda estará com soro no braço.
"Numa cesárea, por exemplo,
enquanto o cirurgião costura a
parturiente, o bebê já estará
mamando. No parto normal,
funcionará da mesma forma",
explica Alberto d'Auria, ginecologista e obstetra do Hospital
São Luiz, em São Paulo.
Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI
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