São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2008

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JOSÉ CARRILHO PEDROSA (1953-2008)

Zé Pedrosa é do povo de Palmares

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi muito a contragosto que tiraram José Pedrosa de casa naquela manhã de 2007. Com impropérios e graves ameaças de bala, dois dos seis encapuzados que decidiram seqüestrá-lo interromperam-no em meio à leitura habitual dos jornais.
Depois de devastarem o que estava pela frente, meteram-no dentro de um carro logo que descobriram que não havia dinheiro na casa.
Cerca de 25 km depois, o grupo de bandidos reparou num pequeno equívoco: o seqüestrado era o prefeito de União dos Palmares (AL), não o agiota que procuravam. José Pedrosa foi deixado só, no meio da estrada, sem pedidos de desculpas. Pegou carona e voltou para casa, onde foi recepcionado por uma multidão de aflitos.
Figura popular, o engenheiro agrônomo governava pela segunda vez, pelo PTB, a pequena cidade onde um dia escravos fugidos ergueram o Quilombo de Palmares e Zumbi fez-se herói.
Misturava-se aos moradores sem grandes distinções. Era sempre visto com amigos no bar dos Vaqueiros, onde gostava de tomar cachaça e jogar bilhar.
Eleito com 10.697 votos em 2004, acompanharam-no em cortejo 25 mil pessoas, segundo a PM -quase a metade da população de União dos Palmares-, na semana passada, em seu enterro, sob o coro de "Zé Pedrosa não morreu". O infarto que sofreu, contudo, foi fulminante e o matou na terça passada, aos 55. Deixou dois filhos.

obituario@folhasp.com.br


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