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MARCOMEDE RANGEL NUNES (1951 - 2010)
Levava a astronomia às crianças
FELIPE CARUSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Na passagem do cometa
Halley pela Terra nos anos
80, Marcomede Rangel Nunes fez tanto estardalhaço
para divulgar a astronomia
que Ziraldo o apelidou de
"Marcometa".
Deixou tamanho rastro de
empolgação com a observação do céu que pipocaram
pelo país clubes de astrônomos amadores, telescópios e
observatórios.
Já assinava colunas de
ciências para jovens em jornais e revistas. Colegas o chamavam de "Marcomídia".
Divulgação científica para
crianças era de fato sua paixão. Fazia palestras em escolas e marcava visitas ao Observatório Nacional, onde
era diretor científico e trabalhava há 42 anos.
Nascera em São Cristóvão,
no Rio, mesmo bairro do observatório. Aos 14, sempre
batia na porta do local e pedia para ver os telescópios.
Até que um dia deixaram.
Aos 17, começou a trabalhar
lá, estudando o Sol.
O interesse pelo céu veio
cedo. A mãe, descendente de
índios, contava como eles se
guiavam pelas estrelas. Aos
oito, fez um "telescópio" de
papelão e cobrava para mostrar a Lua aos amigos.
Estudou física e tornou-se,
em 1984, o primeiro brasileiro a medir a radiação solar na
Antártica. Foi sete vezes ao
continente.
Tinha mais de 20 livros e
mapas publicados. Ajudou a
construir observatórios, planetários e relógios de sol, entre eles o de Brasília, com Oscar Niemeyer. Era artista
plástico e pintava quadros
abstratos.
Morreu na quarta-feira
(28), aos 59, no Rio, em decorrência de um derrame,
deixando três filhos.
coluna.obituario@uol.com.br
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