São Paulo, quarta, 5 de agosto de 1998

Próximo Texto | Índice

CRIME
Denúncia leva à prisão no RS do motoboy Francisco Pereira, que ficou 23 dias sumido após divulgação de retrato falado
Preso acusado de ser o maníaco do parque

CRISPIM ALVES
MARCELO GODOY
da Reportagem Local

O motoboy Francisco de Assis Pereira, 30, acusado de ser o maníaco que atuava no Parque do Estado, foi preso ontem, por volta das 20h15, na cidade gaúcha de Itaqui (731 km de Porto Alegre).
Pereira é suspeito de ter assassinado pelo menos oito mulheres no parque do Estado, na zona sudeste de São Paulo. Ele foi reconhecido por nove vítimas de violência sexual e deve ter sua prisão preventiva pedida pelo assassinato Selma Ferreira Queirós, 18.
Ao ser preso, o motoboy negou ter cometido os crimes e disse que estava fugindo por estar assustado com a repercussão do caso.
Pereira estava desaparecido havia 23 dias -desde que foi divulgado retrato falado do suspeito pelas mortes no parque. A polícia já o havia seguido até o Paraguai. Segundo informações da polícia, ontem Pereira afirmou que estava desde sexta-feira na Argentina, para onde teria ido de carona a partir de São Paulo.
O motoboy foi preso após ser denunciado por uma família de pescadores.

Crimes repetidos

Os crimes do maníaco do parque ganharam repercussão no início de julho, quando a polícia encontrou os corpos de quatro mulheres, nuas e com marcas de violência sexual, na mata do parque do Estado.
Investigações apontaram que outras duas mulheres (assassinadas em janeiro e em maio) teriam sido mortas pelo mesmo autor -provavelmente um maníaco sexual. Uma delas foi estrangulada.
Varreduras da polícia encontraram roupas e bijuterias na mata. Na semana passada, o número de vítimas subiu para oito. As duas últimas vítimas encontradas teriam sido mortas havia cerca de 30 dias, segundo a perícia.
Apenas quatro dos oito cadáveres encontrados no parque do Estado foram identificados.
Em todas as descrições das vítimas, o maníaco teria agido de maneira semelhante. Ele encontrava as mulheres locais públicos, como supermercados e pontos de ônibus, e se apresentava como caça-talentos.
Sob o pretexto de fazer fotos para o catálogo de uma indústria de cosméticos, ele levava as vítimas para o parque. Descrito como uma pessoa com facilidade de expressão, ele convencia as mulheres de que a mata era uma boa locação para a seção de fotos.
Há uma curiosidade sobre as vítimas encontradas: foram achadas aos pares. Segundo a polícia, é um indício que algumas das moças viram as vítimas anteriores.
O inquérito do caso já tem cerca de 300 páginas com relatos de sete mulheres que foram levadas ao parque. Quatro delas dizem ter sido violentadas. Duas outras disseram ter sido assediadas pelo motoboy, mas não chegaram a ser levadas para o parque.
O delegado Sérgio Alves, da polícia paulista, disse que enviaria ontem à noite cópia do mandado de prisão de Pereira à polícia do Rio Grande do Sul.
A segurança do local em que o motoboy está preso foi reforçada, por haver temor de que a população tente linchar o acusado.


Colaborou
Marcelo Teixeira, da Agência Folha




Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.