São Paulo, quarta, 5 de agosto de 1998

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Niemeyer vai à UFRJ e apóia ocupação

da Sucursal do Rio

O arquiteto Oscar Niemeyer, 90, foi ontem à reitoria da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) para apoiar o movimento de ocupação do local.
Por ordem judicial, estudantes e funcionários têm até amanhã para abandonar o local.
Um oficial da Justiça Federal do Rio leu em voz alta para os ocupantes da reitoria, no final da tarde de ontem, a ordem judicial, da 10ª Vara Federal, para que o andar seja desocupado em 48 horas.
A reitoria foi invadida em 7 de julho, quando o MEC (Ministério da Educação) nomeou o novo reitor da universidade, José Henrique Vilhena. O candidato mais votado pela comunidade universitária, Aloísio Teixeira, foi preterido.
Muito aplaudido por estudantes e funcionários, Niemeyer apareceu de surpresa no prédio, na ilha do Fundão (zona norte), e discursou rapidamente.
"Eu vim pra dizer que estou de acordo (com a ocupação). A luta é justa, é preciso protestar. Estou com vocês", disse. Segundo ele, o governo fez uma intervenção na UFRJ, ao escolher para reitor um nome que ficou em terceiro lugar na lista dos mais votados pela comunidade universitária.
A pedido do reitor nomeado, o procurador-geral da UFRJ, Valério Nunes Vieira, ajuizou ação na Justiça Federal pedindo a retomada do imóvel. "Eles invadiram um local público e estão impedindo o funcionamento da universidade", disse Vieira.
Segundo o procurador, se os estudantes e funcionários não desocuparem a reitoria, poderão responder por crime de desobediência a uma ordem judicial, além de ser "retirados à força" pela polícia.
A direção do Sintufrj (Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ) solicitou ontem a suspensão da liminar judicial, já que haveria "vícios no processo". O pedido foi rejeitado pela 10ª Vara Federal.
Os diretores do sindicato avaliam hoje se caberá algum recurso junto ao Tribunal Regional Federal. Para o diretor Agnaldo Fernandes, os profissionais e estudantes são da comunidade universitária e não estão impedindo o reitor nomeado (que eles chamam de "interventor") de trabalhar.
"Os estudantes e técnicos são da universidade. Não estamos invadindo nada", disse. Os técnicos discutem hoje de manhã, em assembléia, o que farão agora, depois da liminar judicial.
A estudante Glauce Magalhães, da comissão gestora do Diretório Central dos Estudantes da UFRJ, disse que os alunos não querem trazer a polícia para o campus. Segundo ela, os estudantes "sentarão com calma" para discutir se continuam protestando na reitoria ou saem para as ruas.
(RONI LIMA)



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