|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Niemeyer vai à UFRJ e apóia ocupação
da Sucursal do Rio
O arquiteto Oscar Niemeyer, 90,
foi ontem à reitoria da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) para apoiar o movimento de
ocupação do local.
Por ordem judicial, estudantes e
funcionários têm até amanhã para
abandonar o local.
Um oficial da Justiça Federal do
Rio leu em voz alta para os ocupantes da reitoria, no final da tarde de ontem, a ordem judicial, da
10ª Vara Federal, para que o andar
seja desocupado em 48 horas.
A reitoria foi invadida em 7 de
julho, quando o MEC (Ministério
da Educação) nomeou o novo reitor da universidade, José Henrique Vilhena. O candidato mais votado pela comunidade universitária, Aloísio Teixeira, foi preterido.
Muito aplaudido por estudantes
e funcionários, Niemeyer apareceu de surpresa no prédio, na ilha
do Fundão (zona norte), e discursou rapidamente.
"Eu vim pra dizer que estou de
acordo (com a ocupação). A luta é
justa, é preciso protestar. Estou
com vocês", disse. Segundo ele, o
governo fez uma intervenção na
UFRJ, ao escolher para reitor um
nome que ficou em terceiro lugar
na lista dos mais votados pela comunidade universitária.
A pedido do reitor nomeado, o
procurador-geral da UFRJ, Valério Nunes Vieira, ajuizou ação na
Justiça Federal pedindo a retomada do imóvel. "Eles invadiram um
local público e estão impedindo o
funcionamento da universidade",
disse Vieira.
Segundo o procurador, se os estudantes e funcionários não desocuparem a reitoria, poderão responder por crime de desobediência a uma ordem judicial, além de
ser "retirados à força" pela polícia.
A direção do Sintufrj (Sindicato
dos Trabalhadores em Educação
da UFRJ) solicitou ontem a suspensão da liminar judicial, já que
haveria "vícios no processo". O
pedido foi rejeitado pela 10ª Vara
Federal.
Os diretores do sindicato avaliam hoje se caberá algum recurso
junto ao Tribunal Regional Federal. Para o diretor Agnaldo Fernandes, os profissionais e estudantes são da comunidade universitária e não estão impedindo o
reitor nomeado (que eles chamam
de "interventor") de trabalhar.
"Os estudantes e técnicos são da
universidade. Não estamos invadindo nada", disse. Os técnicos
discutem hoje de manhã, em assembléia, o que farão agora, depois da liminar judicial.
A estudante Glauce Magalhães,
da comissão gestora do Diretório
Central dos Estudantes da UFRJ,
disse que os alunos não querem
trazer a polícia para o campus. Segundo ela, os estudantes "sentarão com calma" para discutir se
continuam protestando na reitoria ou saem para as ruas.
(RONI LIMA)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|