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São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2003

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BARBARA GANCIA

Coldplay deixa colunista em estado de graça

Hoje, nem mesmo as declarações extravagantes do economista Celso Furtado, feitas nesta semana em um seminário na UFRJ, vão conseguir me desanimar. Furtado afirmou que o Brasil não tem outro caminho a não ser o do calote da dívida. Para ele, essa seria a única maneira de o país conseguir barganhar em futuras negociações com o FMI.
Tudo bem, até entre os credores já existe quem considere a idéia de ver o país quebrar de vez como sendo uma forma, mesmo que desesperada, de tentar resolver o problema da insolvência crônica.
Só que Furtado fez um adendo. Disse que o calote só poderia ser dado "dentro de três ou quatro anos", fase que seria utilizada para preparar o país para as "consequências". Ora, não é preciso ser economista para saber que uma moratória anunciada só pode acabar mal. Você, meu caro leitor, conhece alguém que está devendo ao banco e que ligou ao gerente para comunicar que, no futuro, irá deixar de pagar?
As declarações estapafúrdias correram como surto nesta semana. Segundo a opinião iluminada da mãe do guri que fugiu de casa para se juntar às Farc, a grande culpada pela traquinagem do filho é a internet. Como se fosse possível atribuir a um único fator externo a responsabilidade pela confusão que se instalou na cabeça do adolescente. Imagino que a mãe do aventureiro estava sob forte emoção quando elegeu a internet como vilã, mas, depois do que ela disse, ficou bem mais fácil entender por que o rapaz quis sumir do mapa.
Um carro anfíbio e outro que estaciona sozinho. Para se juntar à lista dos confortos da vida moderna anunciados nesta semana, trago uma contribuição caseira. Já registrei neste espaço meu fascínio pela descoberta da escova de dentes elétrica. Pois bem, encontrei mais um uso para a dita cuja. Munida da escova maravilha e de um tico de dentifrício, transformei um par de brincos de ouro imundos em brincos novinhos em folha. Fica a sugestão para quem não tem coragem de empunhar uma Black and Decker.
No começo deste texto eu disse que hoje nada iria me desaminar. Explico: permaneço em estado de êxtase desde anteontem, quando assisti à apresentação única do grupo inglês Coldplay na cidade. Há muito Sampa não via um show tão impecável: som excelente, efeitos visuais de primeira e ainda a surpresa do vocalista Chris Martin ao ver a platéia acompanhar as letras de todas as suas músicas, do primeiro ao último acorde. Foi memorável.


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