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BARBARA GANCIA
Coldplay deixa colunista em estado de graça
Hoje, nem mesmo as declarações extravagantes do
economista Celso Furtado, feitas
nesta semana em um seminário
na UFRJ, vão conseguir me desanimar. Furtado afirmou que o
Brasil não tem outro caminho a
não ser o do calote da dívida. Para ele, essa seria a única maneira
de o país conseguir barganhar em
futuras negociações com o FMI.
Tudo bem, até entre os credores
já existe quem considere a idéia
de ver o país quebrar de vez como
sendo uma forma, mesmo que desesperada, de tentar resolver o
problema da insolvência crônica.
Só que Furtado fez um adendo.
Disse que o calote só poderia ser
dado "dentro de três ou quatro
anos", fase que seria utilizada para preparar o país para as "consequências". Ora, não é preciso ser
economista para saber que uma
moratória anunciada só pode
acabar mal. Você, meu caro leitor, conhece alguém que está devendo ao banco e que ligou ao gerente para comunicar que, no futuro, irá deixar de pagar?
As declarações estapafúrdias
correram como surto nesta semana. Segundo a opinião iluminada
da mãe do guri que fugiu de casa
para se juntar às Farc, a grande
culpada pela traquinagem do filho é a internet. Como se fosse
possível atribuir a um único fator
externo a responsabilidade pela
confusão que se instalou na cabeça do adolescente. Imagino que a
mãe do aventureiro estava sob
forte emoção quando elegeu a internet como vilã, mas, depois do
que ela disse, ficou bem mais fácil
entender por que o rapaz quis sumir do mapa.
Um carro anfíbio e outro que
estaciona sozinho. Para se juntar
à lista dos confortos da vida moderna anunciados nesta semana,
trago uma contribuição caseira.
Já registrei neste espaço meu fascínio pela descoberta da escova de
dentes elétrica. Pois bem, encontrei mais um uso para a dita cuja.
Munida da escova maravilha e de
um tico de dentifrício, transformei um par de brincos de ouro
imundos em brincos novinhos em
folha. Fica a sugestão para quem
não tem coragem de empunhar
uma Black and Decker.
No começo deste texto eu disse
que hoje nada iria me desaminar.
Explico: permaneço em estado de
êxtase desde anteontem, quando
assisti à apresentação única do
grupo inglês Coldplay na cidade.
Há muito Sampa não via um
show tão impecável: som excelente, efeitos visuais de primeira e
ainda a surpresa do vocalista
Chris Martin ao ver a platéia
acompanhar as letras de todas as
suas músicas, do primeiro ao último acorde. Foi memorável.
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