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São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2003

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CASO SCHINCARIOL

Corregedoria da Polícia Civil vai apurar acusação de agressão contra Valdinei da Silva, solto ontem após 16 dias

Família afirma que garçom foi agredido

Fabiana Beltramin/Folha Imagem
O garçom Valdinei Sabino da Silva, que foi levado à sua casa, em Itu, por uma escolta da polícia


GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Familiares do garçom Valdinei Sabino da Silva, 25, afirmaram que ele foi agredido no dia da prisão para confessar a autoria do assassinato do empresário José Nelson Schincariol, 60, e denunciaram o caso à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo.
Silva foi libertado às 14h de ontem, depois de 16 dias na prisão, e escoltado pela polícia até a porta da sua casa, na periferia de Itu (103 km de São Paulo).
Segundo Valdomiro Sabino da Silva, 28, irmão do garçom, policiais que invadiram a casa da família, sem mandado judicial, no dia 19 de agosto, deram uma "gravata" em Silva para que ele confessasse o crime e apontasse os nomes dos supostos comparsas.
O irmão conta que Silva foi então levado para um local desconhecido e só depois para o 3º DP de Itu. Segundo a família, a casa foi invadida por policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, e agentes da guarda municipal de Itu.
Valdomiro da Silva e a mãe do garçom, Lourdes Marques da Silva, 56, foram à Corregedoria denunciar a invasão da casa e também outro abuso de poder que teria acontecido no dia seguinte.
Segundo Valdomiro da Silva, policiais civis voltaram à casa da família no dia 20 com a justificativa de que teriam de levar roupas para seu irmão. Ao recusar a entrada, segundo ele, foi segurado pelo pescoço e xingado com palavrões pelos policiais.
A assessoria da Secretaria da Segurança Pública afirmou que a Corregedoria abriu uma apuração preliminar, mas que não iria comentar as denúncias nem as apurações.
Silva não falou com a imprensa ontem. No banco de trás de um carro de polícia, cercado por policiais civis, a caminho de casa, o garçom disse apenas uma frase, em favor da corporação: "Eu só tenho de agradecer ao Deic [departamento que fez a prisão dos outros quatro suspeitos, o que revelou a inocência do garçom]".
O juiz José Fernando Azevedo Minhoto, de Itu, que revogou a prisão do garçom ontem, afirmou que a entrada dos policiais na casa foi ilegal. "Fiquei sabendo da prisão pela TV", disse. Minhoto afirmou que a polícia foi "imprudente" por ter divulgado informações sobre o garçom.
Minhoto disse que autorizou a prisão de Silva no último dia 20 -decisão revogada por ele mesmo- porque a polícia apresentou testemunha que garantia ter visto o garçom na cena do crime. Ontem, ele também decretou a prisão temporária dos quatro suspeitos presos nesta semana.


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