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JUSTIÇA
Pena é de 77 anos de prisão; acusada de liderar suposta seita que castrava e assassinava garotos no Pará também foi detida
Médico é condenado por morte de meninos
MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA
Dois supostos integrantes da
seita acusada de castrar e assassinar meninos em Altamira, no sudoeste do Pará, tiveram sua prisão
preventiva decretada ontem.
Um deles, o médico Anísio Ferreira de Souza, foi condenado a 77
anos de prisão.
Acusada de liderar a seita, Valentina de Andrade foi detida pela
manhã, quando entrou no Tribunal de Justiça do Pará, e foi levada
ao Centro de Recuperação Feminino, na região metropolitana de
Belém, onde deverá aguardar seu
julgamento.
A ordem foi dada pelo juiz Ronaldo Valle, que preside o julgamento dos cinco acusados de pertencer à seita. Ele disse ter recebido informação da Polícia Federal
de que Andrade teria tentado fugir do país na terça-feira.
De acordo com a Polícia Federal, ela iria embarcar às 9h, no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP), num vôo da Varig que a levaria a Buenos Aires,
na Argentina. Ela teria desistido,
abandonado seus documentos no
aeroporto e se hospedado num
hotel com o nome falso de "Valentina Munhoz".
O juiz já havia afirmado que decretaria a prisão de Andrade se ela
não se apresentasse ao júri até o final da sessão de julgamento do
médico -encerrado ontem, com
a condenação dele.
A defesa de Andrade alegava
que ela, que mora em Londrina
(PR), estava com problemas de
saúde e não poderia se apresentar.
Sua prisão preventiva foi decretada assim que Andrade entrou Tribunal de Justiça.
De acordo com o juiz, a medida
visa garantir que o julgamento dela seja realizado. O advogado de
Andrade, Américo Leal, não foi
localizado pela Agência Folha para comentar a prisão. Sua secretária disse que ele estava viajando.
No final da tarde, o Tribunal do
Júri condenou o médico Anísio
Ferreira de Souza a 77 anos de prisão em regime fechado. Sua prisão preventiva foi decretada logo
após a decisão.
O médico foi considerado culpado por três homicídios e duas
tentativas de homicídio.
Na sexta-feira passada, o ex-policial militar Carlos Alberto dos
Santos e o comerciante Amailton
Madeira Gomes foram condenados, respectivamente, a 35 anos e
a 57 anos de prisão.
Novos julgamentos
Ainda faltam os julgamentos do
também médico Césio Flávio Caldas Brandão, que deve começar
no dia 8, e o de Andrade, dia 22.
O grupo é acusado de ser responsável pela castração de nove
meninos e do assassinato de seis
deles, entre 1989 e 1993. Todos negam as acusações. As vítimas tinham entre 8 e 14 anos e todas
eram do sexo masculino.
O advogado do médico condenado ontem, Janio Siqueira, disse
que vai recorrer da decisão. Segundo ele, não há provas contra
seu cliente.
Siqueira afirmou ainda que, em
1992, três dos acusados estavam
presos e mesmo assim os crimes
continuaram a acontecer.
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