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INFORMALIDADE
Estudo da prefeitura revela também que a categoria se afastou da Previdência Social: apenas 9% contribuem
Camelô trabalha mais e ganha menos em SP
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os camelôs estão trabalhando
mais, ganhando menos e cada vez
mais distantes da Previdência Social. Esses são alguns dos dados
que compõem o perfil dos 68 mil
trabalhadores ambulantes de São
Paulo, apresentado ontem pelo
secretário municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade, Márcio Pochman.
O estudo compara dados de
1990-92 com informações colhidas em 1999-2002. Segundo Pochman, houve nesse período uma
mudança estrutural no comércio
ambulante, que deixou de ser
uma atividade temporária
-exercida até que a pessoa conseguisse a reinserção no mercado
formal- para transformar-se
numa ocupação permanente, devido à baixa oferta de empregos.
Há dez anos, 40% dos ambulantes da cidade exerciam a atividade
há menos de um ano. Atualmente, 39% trabalham como camelôs
há mais de cinco anos e apenas
27% estão há menos de um ano
no ramo. "Isso comprova que, para muitos, [a venda ambulante] é
uma das poucas alternativas de
sobrevivência", diz Pochman.
A jornada semanal também aumentou. O número dos que trabalham mais de 45 horas passou
de 37,7% para 48,9%. A renda diminuiu. No início dos anos 90, os
comerciantes de rua ganhavam
um valor equivalente a 69,3% da
renda de um assalariado com carteira assinada. Hoje, eles não ganham nem a metade (48,9%).
Outro aspecto que, para Pochman, mostra a queda no padrão
de vida dos camelôs é a diminuição do número dos que contribuem para a Previdência Social,
que passou de 26,7% para 9%.
O estudo foi elaborado a partir
de informações da Fundação Seade e do Dieese e traz também dados coletados em junho e julho
deste ano pela Prefeitura de São
Paulo após o cadastramento de
camelôs do centro da cidade.
Esse perfil, mais específico,
mostra que a maioria dos camelôs
estudou até a 8ª série (67,6%),
nunca participou de um programa de qualificação (77%) e trabalhava no comércio (69%). Segundo os dados da secretaria, 73,8%
gostariam de trocar de profissão.
"Garantir o futuro"
Alheio a dados e pesquisas, o camelô Pedro Nascimento Silva, 39,
é quase uma representação das
estatísticas oficiais. Camelô há 15
anos no centro da cidade, ele trabalha mais de 10 horas por dia.
Ganha cerca de R$ 300 vendendo
camisas e bermudas.
Silva parou de estudar na 7ª série e há cinco anos não paga a Previdência Social. Quer voltar a contribuir no ano que vem, para "garantir o futuro".
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