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PRAGA
Fenômeno é causado por altas temperaturas; bairros de SP mais atingidos são Higienópolis, Jardins, Pacaembu e Brooklin
Inverno fraco antecipa revoada de cupins
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local
A revoada dos cupins alados, popularmente conhecidos como siriris ou aleluias, começou cerca de
30 dias antes do esperado em São
Paulo, segundo biólogos especialistas no assunto.
O fenômeno estaria ligado à falta
de um inverno rigoroso, causada
pelo El Niño (aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico),
que alterou o clima, aumentando
as temperaturas médias e antecipando a primavera.
Segundo o biólogo Carlos Vagner Peçanha, especializado em
controle integrado de pragas, as
condições climáticas típicas da
primavera (clima quente e úmido,
com vento) são as ideais para o vôo
dos cupins, que se reproduzem
nessa época do ano.
O vôo dos cupins, segundo os especialistas, deveria estar começando agora, mas focos dos insetos estão sendo vistos pela cidade há cerca de um mês.
Higienópolis
Os siriris têm sido vistos com
maior frequência em bairros arborizados e com construções antigas,
como Jardins, Higienópolis, Pacaembu, Brooklin e região do parque Ibirapuera, favoráveis a sua
reprodução.
Segundo Sidney Milano, proprietário de uma empresa de controle de pragas, quanto mais prédios tiver e mais antigo for o bairro, mais propício aos cupins ele é.
"O principal problema com os
edifícios antigos é o uso de caixões
perdidos (fôrmas de madeira usadas como proteção acústica de lajes). Se, durante a construção, um
casal de siriris encontrou abrigo
dentro de um vão desses, dentro
de quatro, cinco anos haverá lá
dentro uma colônia de até 2 milhões de cupins", afirma Milano.
As árvores, explica Milano, não
são o problema, mas sim o que ele
chama de estresse a que algumas
são submetidas.
"Muitas são mal podadas, ficam
enfraquecidas, facilitando o ambiente para a reprodução dos cupins. Outro problema grave é a
não-retirada de 'cadáveres' de árvores, que fornecem muito alimento (madeira) para os cupins."
Segundo o biólogo Flávio Carlos
Geraldo, da Montana Química,
ex-presidente da Associação Brasileira de Preservação da Madeira,
os grandes centros urbanos dispõem de alimento em excesso e
inimigos naturais de menos.
"Enquanto há excesso de material de origem celulósica (restos de
madeira e papel), não há os inimigos naturais, como tatus, tamanduás, cobras, aranhas e formigas."
Segundo Geraldo, uma revoada
de cupins é sinal de que há uma
colônia nas proximidades.
Ele sugere uma investigação do
problema (leia texto nesta página)
que pode ser feita pelo próprio
morador do local atingido. As espécies de cupins mais comuns no
Brasil são a Coptotermes havilandi, que não se alimenta só de madeira e ataca também instalações
elétricas, e a Cryptotermes brevis.
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