São Paulo, sexta, 5 de setembro de 1997.



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PRAGA
Fenômeno é causado por altas temperaturas; bairros de SP mais atingidos são Higienópolis, Jardins, Pacaembu e Brooklin
Inverno fraco antecipa revoada de cupins

MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

A revoada dos cupins alados, popularmente conhecidos como siriris ou aleluias, começou cerca de 30 dias antes do esperado em São Paulo, segundo biólogos especialistas no assunto.
O fenômeno estaria ligado à falta de um inverno rigoroso, causada pelo El Niño (aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico), que alterou o clima, aumentando as temperaturas médias e antecipando a primavera.
Segundo o biólogo Carlos Vagner Peçanha, especializado em controle integrado de pragas, as condições climáticas típicas da primavera (clima quente e úmido, com vento) são as ideais para o vôo dos cupins, que se reproduzem nessa época do ano.
O vôo dos cupins, segundo os especialistas, deveria estar começando agora, mas focos dos insetos estão sendo vistos pela cidade há cerca de um mês.

Higienópolis
Os siriris têm sido vistos com maior frequência em bairros arborizados e com construções antigas, como Jardins, Higienópolis, Pacaembu, Brooklin e região do parque Ibirapuera, favoráveis a sua reprodução.
Segundo Sidney Milano, proprietário de uma empresa de controle de pragas, quanto mais prédios tiver e mais antigo for o bairro, mais propício aos cupins ele é.
"O principal problema com os edifícios antigos é o uso de caixões perdidos (fôrmas de madeira usadas como proteção acústica de lajes). Se, durante a construção, um casal de siriris encontrou abrigo dentro de um vão desses, dentro de quatro, cinco anos haverá lá dentro uma colônia de até 2 milhões de cupins", afirma Milano.
As árvores, explica Milano, não são o problema, mas sim o que ele chama de estresse a que algumas são submetidas.
"Muitas são mal podadas, ficam enfraquecidas, facilitando o ambiente para a reprodução dos cupins. Outro problema grave é a não-retirada de 'cadáveres' de árvores, que fornecem muito alimento (madeira) para os cupins."
Segundo o biólogo Flávio Carlos Geraldo, da Montana Química, ex-presidente da Associação Brasileira de Preservação da Madeira, os grandes centros urbanos dispõem de alimento em excesso e inimigos naturais de menos.
"Enquanto há excesso de material de origem celulósica (restos de madeira e papel), não há os inimigos naturais, como tatus, tamanduás, cobras, aranhas e formigas."
Segundo Geraldo, uma revoada de cupins é sinal de que há uma colônia nas proximidades.
Ele sugere uma investigação do problema (leia texto nesta página) que pode ser feita pelo próprio morador do local atingido. As espécies de cupins mais comuns no Brasil são a Coptotermes havilandi, que não se alimenta só de madeira e ataca também instalações elétricas, e a Cryptotermes brevis.



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