|
Próximo Texto | Índice
LEGISLATIVO
Relatório aprovado ontem acusa ex-prefeito e quatro ex-secretários de terem cometido improbidade administrativa
CPI do PAS responsabiliza Pitta e livra Maluf
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Relatório da CPI do PAS da Câmara Municipal de São Paulo,
aprovado ontem, responsabiliza
por crime de improbidade administrativa o ex-prefeito Celso Pitta
(PSL) e mais quatro ex-secretários. O documento poupa, no entanto, o ex-prefeito Paulo Maluf
(PPB), responsável pela criação
do Plano de Atendimento à Saúde
em 1996.
O relatório pede apenas a responsabilização de Maluf por "indícios de mau gerenciamento". O
crime de improbidade prevê a
suspensão dos direitos políticos e
a possibilidade de ressarcimento
dos prejuízos, enquanto a acusação de mau gerenciamento é vaga
e não tem consequências legais
previstas.
O documento da comissão também aponta a suposta ingerência
administrativa de dez vereadores
e ex-vereadores paulistanos nos
módulos do PAS. O atual vereador Jooji Hato (PMDB) foi o político mais citado no relatório (leia
texto nesta página).
Criada em fevereiro, a CPI do
PAS investigou denúncias de suposto desvio de verbas, mau gerenciamento, empréstimos de
bancos a cooperativas, relação entre a Secretaria da Saúde com fornecedores do PAS e ingerência
administrativa de vereadores nos
módulos.
Por falta de tempo, a apuração
só ocorreu nos módulos 1, 2 e 3, de
um total de 14 unidades. A CPI
calcula que irregularidades e mau
gerenciamento provocaram perdas de R$ 1,7 bilhão, de um investimento total de R$ 2,6 bilhões.
Antes de ser aprovado ontem, o
texto com as conclusões da CPI
do PAS contou com sete versões
feitas pela relatora Myryam Athiê
(PMDB).
No relatório apresentado no começo da votação, ontem pela manhã, Myryam responsabilizava
Pitta, os ex-secretários de Saúde
Rogério Paulo Richter (gestão
Maluf), Massato Yokota e Jorge
Pagura (gestão Pitta) e o ex-secretário de Finanças José Antônio de
Freitas (gestão Pitta).
A redação foi considerada branda pelos vereadores Carlos Neder
(PT) e Carlos Alberto Bezerra Júnior (PSDB), que conseguiram
aprovar dois votos em separado
que modificaram o texto final da
CPI.
Foi o vereador Bezerra quem
notou a ausência da responsabilização a Maluf no texto de
Myryam e pediu, verbalmente, a
inclusão do ex-prefeito. "Ele participou da montagem do PAS e
também é responsável pelo que
aconteceu", afirmou o tucano.
Bezerra resolveu incluir o termo
"mau gerenciamento" e não "improbidade administrativa" por
causa de dúvidas jurídicas, já que
a CPI não convocou Maluf para
ser ouvido.
Carlos Neder disse que a versão
do relatório apresentada aos vereadores na quarta-feira à noite
responsabilizava Maluf por improbidade administrativa. "A ausência [do ex-prefeito" nos surpreendeu", afirmou Bezerra.
Myryam Athiê confirmou que,
na quarta-feira, pensava em responsabilizar Maluf por improbidade administrativa. "Eu falei,
mas agora estou desfalando. Qual
é o problema?", disse a vereadora.
Segundo Myryam, a investigação não incriminou o ex-prefeito.
"Ele [Maluf" nem foi ouvido pela
CPI. Não havia como responsabilizá-lo por isso." Jorge Pagura, no
entanto, não foi ouvido pela comissão, mas foi responsabilizado
por improbidade no relatório inicial de Myryam. Ele foi convocado, mas justificou que estava em
viagem e não compareceu para
depor.
Foi outro voto em separado de
Carlos Neder que incluiu a acusação de indícios de ingerência de
Jooji Hato nos módulos do PAS.
Myryam afirmou que Hato, seu
colega de partido, não cometeu
quebra de decoro. "A ingerência
pode ter sido política, mas não administrativa", afirmou Myryam.
Outros acusados
O relatório final da CPI também
responsabiliza ex-chefe de gabinete de secretários, interventores
de módulos, dirigentes de cooperativas e sócios de empresas prestadoras de serviços aos módulos.
Os indícios são de improbidade,
estelionato, falsidade de documento, prevaricação (usar o cargo
para proveito próprio) e prática
delituosa de advocacia administrativa (usar o cargo para beneficiar interesse privado).
O relatório da CPI será enviado
para o Ministério Público e para a
Justiça Eleitoral. O texto também
pede a criação de uma nova CPI
para continuar as investigações
do extinto PAS.
Próximo Texto: Outro lado: Dois acusados no relatório ameaçam recorrer à Justiça Índice
|