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ADMINISTRAÇÃO
Hoje, perdas já são de 34%; valor supera o incremento previsto com a revisão de planta e a progressividade
Calote e isenções engolirão 42% do IPTU
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo perderá no ano que vem R$ 788,388
milhões em IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) devido
às isenções e ao índice histórico
de inadimplência na cidade.
O montante equivale a 42% da
arrecadação real prevista pelo governo municipal -R$ 1,893 bilhão- e supera os R$ 464 milhões que a prefeitura pretende
arrecadar a mais instituindo diversas faixas de alíquota e reajustando os valores dos imóveis.
Do total de perdas, R$ 243,069
milhões (31%) são decorrentes da
ampliação da isenção proposta
pelo governo para pequenos proprietários. O resto não é arrecadado devido a normas constitucionais (que definem critérios de
imunidade tributária para templos e repartições públicas, por
exemplo) e a antigas leis municipais que isentam de imposto (total ou parcialmente) clubes, conventos etc. (veja quadro ao lado).
Este ano, com essas isenções e
com a inadimplência, a prefeitura
já perderá 34% da arrecadação
prevista: R$ 480,360 milhões de
perda para uma arrecadação efetiva de R$ 1,429 bilhão.
A diferença entre as perdas deste ano e as previstas para o ano
que vem decorrem do aumento
da isenção a pequenos imóveis e
do aumento nominal da inadimplência -que fica sempre em torno de 14% da arrecadação.
A ampliação ocorrerá porque,
pela proposta do governo, a isenção deixará de atingir apenas os
imóveis de até 90 m2 ou de R$
22.400 de valor venal para atingir
todos os imóveis até R$ 20 mil
-residenciais até R$ 65 mil.
Pequenos e clubes
O tamanho da isenção para pequenos imóveis tem sido uma das
principais críticas à proposta do
governo. A prefeitura rebate. Argumenta, basicamente, que esses
R$ 243,069 milhões que perderá a
mais estão espalhados por 1,092
milhão de contribuintes. E a
maioria deles, diz o governo, teria
contribuições tão pequenas a dar
que cobrá-las sairia mais caro.
Em média, cada um desses novos isentos teria que pagar R$ 205
anuais de imposto. "Mas a média
esconde que muitos recebem carnês com cobrança de centavos.
Hoje, por exemplo, o menor imposto da cidade é de R$ 0,36", diz
Fábio Bertarelli, diretor do Departamento de Rendas Imobiliárias.
Segundo Bertarelli, os pequenos
valores só fazem engrossar a inadimplência. Dos atuais 400 mil
inadimplentes, 250 mil passarão a
ser englobados pela isenção.
Historicamente, entre as isenções previstas em leis, a mais polêmica nas discussões entre Executivo e Legislativo tem sido a que
é dada a clubes -já que não são
abertos e taxam a adesão.
O ex-prefeito Jânio Quadros limitou a isenção, que era total,
apenas à parte predial do imposto. A ex-prefeita Luiza Erundina,
então no PT, tentou derrubar essa
isenção, mas teve a proposta recusada. Naquela época, havia vereadores ligados a grandes clubes.
Hoje isso não é diferente.
Nos corredores da prefeitura, a
avaliação é de que seria politicamente inábil -e praticamente
impossível- tentar passar no Legislativo um pacote que, além de
alíquotas e valores de imóveis,
mexesse nessas isenções.
Os clubes, por sua vez, defendem o benefício citando seu "caráter social". "Os clubes valorizam as regiões -portanto, elevam os valores dos imóveis e,
consequentemente, a arrecadação. Além disso, são pulmões da
cidade e formadores de atletas",
diz o vice-presidente do Sindicato
dos Clubes Esportivos, Cezar Roberto Granieri.
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