São Paulo, sábado, 05 de outubro de 2002

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SEGURANÇA

Terceiro trimestre deste ano registrou 67 ocorrências do crime no Estado, 14% menos do que o mesmo período de 2001

Número de sequestros cai em São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez neste ano, o número de sequestros em São Paulo por trimestre é menor desde o mesmo período de 2001, quando ocorreu a explosão de ocorrências desse tipo de crime.
Segundo o diretor do Deic (Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado), Godofredo Bittencourt, o terceiro trimestre deste ano -julho, agosto e setembro- registrou 67 sequestros no Estado, 14% menos do que o mesmo período do ano passado.
Esse número também é 25% menor que o registrado no segundo trimestre deste ano -abril, maio e junho-, com 89 casos.
No somatório do ano -de janeiro a setembro-, no entanto, as estatísticas de 2002 somam 266 sequestros, 48% a mais que no mesmo período de 2001.
Segundo Bittencourt, o número de casos diminuiu por causa da repressão policial. "Foram cerca de 350 prisões, muitas quadrilhas foram desbaratadas", disse o diretor do Deic.
Bittencourt admite, no entanto, que as quadrilhas devem migrar para outros crimes, mas isso ainda não pôde ser verificado.

Migração
Para Guaracy Mingardi, pesquisador do Ilanud (Instituto Latino Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e o Tratamento do Delinquente) na área de crime organizado e secretário de Segurança em Guarulhos (Grande São Paulo), a diminuição dos sequestros não é explicada apenas pelo suposto sucesso da repressão policial.
"Quando um crime fica em evidência e chama a atenção da mídia, o governo destina mais recursos para esse delito e descobre outras áreas da segurança. Os criminosos, que visam o lucro com menor risco, migram para essas áreas e continuam atuando", disse Mingardi.
O pesquisador acredita que a repressão atingiu principalmente as quadrilhas desorganizadas, que aderiram à onda de sequestros no ano passado. "As quadrilhas organizadas continuam atuando. Foram os grupos mais desorganizados que foram presos ou resolveram migrar para áreas mais descobertas pela polícia."
Mingardi afirmou que ainda é muito cedo para definir a migração dessas quadrilhas para outros crimes. A estatística oficial da Secretaria de Estado da Segurança Pública do terceiro trimestre deste ano só deve ser divulgada no final deste mês.
"O roubo de caixas eletrônicos de banco aumentou muito, por exemplo", disse Mingardi.
A explosão de sequestros ocorreu no terceiro trimestre de 2001, com 78 casos, e chegou ao recorde no quarto trimestre do mesmo ano, com 127 registros. A avaliação da polícia e de especialistas era que a banalização do sequestro ocorreu quando quadrilhas desorganizadas e sem infra-estrutura começaram a investir nesse tipo de crime.
(GILMAR PENTEADO)


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