|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RESPEITO AO PRÓXIMO
Poder público levou das 11h30 às 17h30 para recolher cadáver no Rio
Corpo de contínuo fica 6 h na via
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
O brasileiro João José da Silva,
61, contínuo, paraibano radicado no Rio, teve ontem suas seis
horas de notoriedade. Atropelado às 11h30 por um ônibus, seu
corpo ficou estendido na avenida Presidente Antônio Carlos,
uma das mais movimentadas
do centro, até as 17h30.
Ao bater a cabeça no asfalto,
João José da Silva morreu imediatamente. A burocracia do
serviço público não foi tão ágil.
Fiscais da Companhia de Engenharia de Tráfego avisaram a
PM. Soldados repassaram o
alerta à 5ª DP. Policiais civis informaram a Defesa Civil, que
enviou, por volta das 17h, funcionários da Penha (zona norte)
ao centro. A equipe levou dois
minutos para guardar o corpo.
"Informamos cedo a delegacia, não sei por que demorou. E
estamos com uma viatura presa
aqui", queixou-se um PM.
"Quem fez a ocorrência não está
aqui e não podemos informar a
que horas notificamos a Defesa
Civil", disse uma policial civil.
"A delegacia demorou, só nos
avisou por volta das 15h. Aí tem
os trâmites burocráticos e a distância da Penha ao centro", justificou o oficial da Defesa Civil.
Contínuo do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), João José da Silva certamente conhecia bem as ruas do
centro. Talvez por isso tentou a
travessia perigosa: correu até o
canteiro da Antônio Carlos com
o semáforo da avenida Franklin
Roosevelt aberto. Um motociclista conseguiu desviar. O motorista do ônibus, não.
João José da Silva morreu
atrapalhando o tráfego. Para nenhum carro passar sobre o corpo, o trânsito foi levemente desviado. Antes da hora do pico, já
estava tudo normal. João José da
Silva não atrapalhou a volta dos
cariocas para casa. Ele nasceu 61
anos atrás em Itabaiana, interior
da Paraíba. Há uns 40 anos, diz a
irmã, Salvínia Severina Conceição, 67, resolveu tentar a sorte
no Rio. "Morreu como viveu,
trabalhando."
Ele morava no morro do Castro, em Niterói. Não tinha filhos.
Deixa viúva Claudete Gomes.
Texto Anterior: Decreto federal integra centros tecnológicos ao ensino superior Próximo Texto: Panorâmica - Campinas: Grupo rouba 60 computadores de TRT Índice
|