Para Marc Baumgartner, presidente do órgão internacional dos operadores de vôo, novo acidente no país "é questão de tempo"

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que as declarações fazem parte de jogo político e que voar no Brasil é seguro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O suíço Marc Baumgartner, presidente da Ifatca (federação internacional de controladores, em inglês) afirmou que "é questão de tempo para que um novo acidente aéreo volte a acontecer no Brasil".
Em entrevista à BBC, criticou a Força Aérea. "Eles dizem que pretendem treinar 600 novos operadores e que já contratam 70. É o que nos preocupa. Eles estão pegando controladores militares que não têm qualificações necessárias."
Baumgartner disse que os militares tentam punir os próprios funcionários em vez de melhorar o sistema de tráfego aéreo brasileiro. As afirmações foram feitas durante um seminário nos Estados Unidos.
A citação é uma referência ao Inquérito Policial Militar contra os controladores de vôo envolvidos com o acidente do vôo 1907 da Gol em 2006.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que "fazem parte de um jogo político" as críticas feitas pela Ifatca. Ele voltou a dizer que voar é seguro no país.
Para Jobim, a declaração da Ifatca é corporativa e visa criar um "ambiente propício" para negociações salariais.
O ministro já teve um encontro com advogados dos controladores, que levaram a ele um estudo sobre a desmilitarização do setor. Porém, ele não manifestou opinião e escondeu a audiência de sua agenda oficial.
A queda-de-braço sobre a condição de trabalho dos controladores se arrasta há um ano, e Jobim assumiu o discurso dos oficiais da FAB. Desde o acidente com o Boeing da Gol, os controladores são acusados pelo comando de criar dificuldades no tráfego aéreo para obter melhores salários.
O ministro disse "ter esperança" de que não haja caos nos aeroportos no fim do ano, embora diga que a expectativa é de movimento intenso.