São Paulo, quarta-feira, 05 de outubro de 2011

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Laudo identifica pH semelhante ao da soda cáustica em lote de Toddynho

Análise foi feita pela Vigilância da Saúde do RS em produtos da série que empresa admite ter falhas

Ontem, houve mais sete notificações de pessoas que tiveram queimaduras na boca ao beber o produto

DE PORTO ALEGRE

Análises feitas pela Vigilância da Saúde do Rio Grande do Sul em produtos do primeiro lote de Toddynho com registros de problemas apontaram um pH de 13,3, índice que se aproxima ao de materiais como água sanitária e soda cáustica. A escala vai de 0 a 14, sendo os valores mais altos os considerados alcalinos.
Ontem, mais lotes do achocolatado foram apontados como causa de queimaduras por consumidores do Rio Grande do Sul, de acordo com a Vigilância do Estado.
O órgão recebeu mais sete notificações de pessoas que passaram mal ao beber o produto. No total, já foram registradas 29 queixas de queimaduras desde a semana passada, todas no Estado. A PepsiCo, no entanto, reafirma que apenas um lote (L4 32), com 80 produtos no total, tem problemas -são os consumidores que afirmaram haver problemas em outros lotes do produto.
Todos os consumidores passam bem. Eles relatam que sofreram irritação e lesões na mucosa da boca. O produto, vendido em caixinhas de 200 ml, teve a comercialização suspensa em todo o Estado. Crianças são maioria entre as pessoas que tiveram reações, de acordo com a Vigilância da Saúde.
Só na cidade de Porto Alegre, foram registrados nove casos de pessoas que passaram mal. Há notificações em 12 cidades de várias regiões do Estado -até em municípios a mais de 300 quilômetros de Porto Alegre, como Erechim. Com as reclamações sobre outros lotes, novas amostras do achocolatado estão sendo recolhidas e encaminhadas para análise em um laboratório do governo do Estado.
Na semana passada, a Vigilância gaúcha contatou a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Para os consumidores do Rio Grande do Sul, o órgão do Estado recomendou guardar unidades fechadas do achocolatado até que haja novas orientações.
Orientou ainda que se procure um médico imediatamente em caso de reações ao alimento e que o consumidor entre em contato com órgãos de vigilância sanitária.
De acordo com o Procon de Porto Alegre, quem sofreu queimaduras ao ingerir o produto deve pedir indenização na Justiça.

REINCIDENTE
Não é a primeira vez que ocorrem problemas na fabricação do Toddynho. Em 2007, quatro produtos da marca foram recolhidos em todo o país devido a uma "alteração de sabor" causada por um nível de cálcio acima do normal.

SAÚDE
Além de irritação na boca, a ingestão de um líquido com pH 13,3 pode causar lesões no esôfago e no estômago, s egundo o professor de clínica médica da Unifesp Paulo Olzon.
O médico pondera, no entanto, que a quantidade de Toddynho adulterado ingerida deve ter sido pequena em todos casos. Assim, a irritação sentida, de acordo com ele, deve ser leve e passageira. "Como a pessoa tende a parar de tomar ao sentir o gosto ruim, o volume ingerido não causa risco de morte, porque o pH ácido do estômago irá neutralizar [a alcalinidade]", diz o médico.
(fELIPE BÄCHTOLD)


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