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LEGISLATIVO
Texto aprovado na Câmara transfere para a cidade de São Paulo o poder de estabelecer o preço de tarifas; estatal vai à Justiça
Projeto dá à prefeitura controle da Sabesp
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Câmara Municipal aprovou
ontem à noite um projeto que, na
prática, dá à Prefeitura de São
Paulo o poder de comandar a
atuação da Sabesp na cidade e o
preço das tarifas de água e esgoto.
O governo estadual, do PSDB,
tem a maior parte das ações da
companhia, e a estatal já anunciou, durante a discussão do projeto, que vai recorrer à Justiça para barrar a nova lei. O argumento
da gestão Marta Suplicy (PT) é
que a Sabesp obtém mais de 60%
de sua renda na cidade, mas investe muito menos que isso.
Na justificativa enviada à Câmara Municipal, a prefeitura argumenta também que a atuação da
Sabesp não tem nenhuma articulação com as políticas municipais,
o que tem provocado "prejuízos
sociais, econômicos, e sanitários".
Pelo projeto, aprovado por 34
votos a 3, a administração poderá
fixar os preços dos serviços de
água e esgoto em São Paulo, determinar onde serão feitos os investimentos e estabelecer metas a
serem cumpridas pela empresa
que explorar o serviço. A Câmara
tem 55 vereadores.
Para Ricardo Montoro (PSDB),
o projeto é inconstitucional, já
que a água usada na cidade é captada fora do município.
O texto, que agora vai à sanção
de Marta, fixa que a prefeitura
passa a deter a titularidade dos
sistemas de água e esgoto da cidade. Com isso, pode, em tese, administrá-lo ela própria ou fazer
uma concessão a empresa.
Atualmente é praticamente inviável que alguma outra empresa
que não a Sabesp preste esses serviços. A companhia estadual tem
uma rede de cerca de 30 mil quilômetros no subsolo da cidade e
fornece água e esgoto há décadas.
Para a criação de um novo sistema ou a compra do atual, seria necessária uma fortuna. No segundo semestre deste ano, a Sabesp
teve um lucro líquido de mais de
R$ 330 milhões, segundo seu demonstrativo na internet.
De acordo com vereadores, o
projeto serve mais como uma forma de pressionar o governo estadual a negociar uma participação
maior da prefeitura na gestão da
Sabesp. A idéia principal não é
realmente abrir a concessão do
serviço a outra empresa.
Tanto é assim que o artigo 54 dá
à prefeitura o poder de dispensar
a licitação para fechar contratos
com "outros entes federativos,
com seus órgãos ou com entes da
administração indireta". No caso,
a Sabesp.
Agência reguladora
O projeto cria também uma
agência reguladora, a Arsae (Autoridade Reguladora dos Serviços
de Água e Esgotamento Sanitário
de São Paulo), para fiscalizar a exploração do serviço, fixar metas e,
eventualmente, multar a concessionária. O presidente e os diretores da autoridade reguladora serão nomeados pelo prefeito para
mandatos fixos de cinco anos.
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