São Paulo, domingo, 05 de novembro de 2006

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3 aeroportos operam além da capacidade

De acordo com números oficiais de 2005, terminais em São Paulo, Rio e Brasília receberam mais passageiros do que comportam

Segundo Infraero, excesso sobrecarrega funcionários e cria desconforto para usuários, mas não interfere na segurança dos vôos

FELIPE BÄCHTOLD
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não bastassem as horas de espera causadas pela crise na aviação desencadeada pela operação-padrão dos controladores de vôo, passageiros de três dos principais aeroportos do país tiveram a situação agravada ainda mais por problemas de infra-estrutura.
Congonhas, em São Paulo, Brasília e Santos Dumont, no Rio, já recebem normalmente mais pessoas do que a capacidade máxima estabelecida pela Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) e pelos próprios aeroportos. De acordo com informações do site da estatal, tiveram mais viajantes em 2005 do que a capacidade oficial.
Segundo a empresa, o excesso de fluxo não interfere na segurança dos vôos, mas implica sobrecarga de trabalho para os funcionários do aeroporto e menos conforto para os passageiros. É com base nesses excessos que a Infraero faz planos de ampliação dos aeroportos.
Congonhas, o maior aeroporto do país em número de vôos e passageiros, tem infra-estrutura para receber, por ano, 12 milhões de pessoas. No entanto, no ano passado, embarcaram e desembarcaram no local mais de 17,1 milhões.
Só até setembro deste ano, 13,8 milhões passaram pelo aeroporto. Dez anos atrás, esse número era 5,2 milhões.
Situação semelhante aconteceu no aeroporto de Brasília, o terceiro maior nacional em circulação. Passaram por lá, em 2005, 9,4 milhões de pessoas -a capacidade é de 7,4 milhões.

Rio
O Santos Dumont superou por pouco o limite. Mais de 3,5 milhões viajaram no aeroporto -300 mil a mais do que o número máximo possível divulgada pelo site da Infraero.
O outro aeroporto do Rio, o Tom Jobim, foi o que operou com maior folga entre os grandes nacionais. Passaram por lá 8,6 milhões, o equivalente a quase 60% da capacidade.
Mais movimentado aeroporto brasileiro, o de São Paulo está longe de ter também a maior estrutura do país. Local por onde passaram 12,3% dos pousos e decolagens do Brasil em 2005, Congonhas não tem a maior pista, área ou pátio dentre os terminais nacionais.

Zona urbana
Limitado pela localização em uma zona intensamente urbana, Congonhas fica muito atrás do aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos, em área dos terminais, por exemplo. O espaço dos terminais de Guarulhos é três vezes maior -assim como o pátio dos aviões, que tem seis vezes o tamanho do de Congonhas.
A quantidade de aeronaves que podem ficar estacionadas no aeroporto da zona sul é apenas a quinta maior do país. As pistas medem 1,9 km e 1,4 km, enquanto no Tom Jobim as dimensões são de 4 km e 3,1 km.
A sobrecarga no aeroporto de Congonhas continua apesar das várias reformas para a ampliação da estrutura que vem sendo feitas nos últimos anos. Entre 2003 e 2005, foram construídas 12 novas pontes, escadas rolantes e aumentada a sala de embarque.

Obra inacabada
Anteontem, foram entregues novas etapas das reformas, em meio à crise do setor aéreo. A área de desembarque e da nova esteira de bagagem foi entregue sem forro no teto. Com isso, as barras de ferro, sistemas de ventilação de ar e fios ficavam visíveis.
Em nota à imprensa, a Infraero informou que a última esteira será entregue em dezembro. A própria sala de desembarque estava prevista para o mês que vem, mas foi antecipada para agilizar a operação de devolução de bagagens, segundo a empresa.
Com a reforma, a área de desembarque, localizada no piso térreo da ala sul do aeroporto, que antes tinha 1.300 m2, passou a ter 5.250 m2.
Anteontem também foi entregue um novo acesso viário. Foram construídos dois pavimentos e um subsolo, que disponibilizará táxis, ônibus e estacionamento aos usuários.
De acordo com a Infraero, com o fim das obras, em 2007, o aeroporto vai se adequar ao atual volume de passageiros. A empresa promete uma revitalização do saguão central, novos balcões de check-in e a ampliação da sala de desembarque, que terá sua área duplicada.


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