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Cadeia tem 162 presas onde só cabem 24
Carceragem feminina em Itapevi (Grande SP) é uma das 59 unidades do Estado que operam com superlotação de presas
Cadeias que deveriam
abrigar apenas detentas à
espera de julgamento têm
4.057 mulheres em espaço
destinado para 1.687
KLEBER TOMAZ
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
BRUNA SANIELE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Projetadas para 24 mulheres,
162 presas vivem confinadas
nas quatro celas da cadeia pública feminina de Itapevi, na
Grande São Paulo. A superlotação, porém, é uma realidade de
quase todas as unidades prisionais destinadas às mulheres no
Estado e mantidas pela Secretaria da Segurança Pública.
Pelos dados do setor de inteligência da Polícia Civil obtidos
pela Folha, 59 das 64 cadeias
públicas femininas, que só deveriam abrigar presas à espera
de julgamento, operam acima
de sua capacidade.
São, ao todo, 4.057 mulheres
-muitas até já condenadas pela Justiça-num espaço destinado a 1.687.
Somente as cadeias femininas de Ribeirão Bonito (262
km de SP), Pompéia (474 km
de SP), Mirandópolis (607 km
de SP), Brotas (245 km de SP) e
Tambaú (257 km de SP) não
têm mais presas do que vagas.
Por lei, as cadeias e delegacias -que são responsabilidade
da Secretaria da Segurança Pública- são destinadas apenas
aos presos ainda não julgados.
Mas, com a falta de vagas nas
prisões e penitenciárias (destinadas aos presos já condenados) -responsabilidade da Secretaria da Administração Penitenciárias- as transferências
acabam não ocorrendo, mesmo
após o julgamento.
Presas com condenação
Na cadeia de Itapevi, por
exemplo, das 162 presas, seis já
foram condenadas a cumprir
pena em regime semi-aberto
(trabalham de dia e passam a
noite presas) -o que só é possível em uma prisão ou penitenciária. Como estão em uma cadeia, elas não saem apesar da
determinação judicial.
A situação se repete na cadeia da cidade vizinha de Jandira. Com capacidade para 24
presas, 129 mulheres disputam
espaço em quatro celas. Dessas,
apenas 50 eram presas provisórias, ou seja, sem condenação.
As outras 64 já haviam sido
condenadas pela Justiça.
Por conta dessa superlotação, a Defensoria Pública de
São Paulo já iniciou, na segunda, um mutirão para analisar a
situação jurídica de todas presas do Estado. O objetivo é
identificar casos de mulheres
que já poderiam ter sido transferidas a prisões ou até mesmo
colocadas em liberdade.
Carmem Silvia Moraes Barros, coordenadora do núcleo de
situação carcerária da Defensoria Pública, admite que a situação nas cadeias femininas é
caótica. Tanto que o órgão pediu a interdição de cinco delas
neste ano. Três já foram interditadas: São Bernardo do Campo, Bilac, Monte Mor.
Prisões superlotadas
A situação das cadeias femininas não difere da do restante
do sistema prisional. Conforme
a Folha revelou na edição de 13
de outubro, as prisões administradas pela SAP no Estado de
São Paulo operam com uma
população 50% acima de sua
capacidade. São 96.540 vagas
para um total de 145.096 presos (homens e mulheres).
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