Prefeitura de São Paulo prevê gastos de R$ 150 milhões para reformar e restaurar edifícios históricos da região

Promessa é antiga, mas secretário agora diz que mudança irá acompanhar aquecimento da atividade econômica da região

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) quer fazer da revitalização do centro de São Paulo a principal bandeira de seu segundo mandato. Mais ou menos como o projeto Cidade Limpa -que restringiu a propaganda nas ruas da cidade- foi para sua primeira gestão.
Já estão previstos gastos de pelo menos R$ 150 milhões na reforma e restauração de edifícios históricos -como Sampaio Moreira, na rua Libero Badaró, e o Theatro Municipal, na praça Ramos de Azevedo- e novos projetos culturais -como a praça das Artes, no entorno do Municipal, e a escola de circo Piolin, no largo do Paissandu.
Isso sem contar a ocupação do edifício Esther, na praça da República, do antigo Cine Art Palácio, no largo do Paissandu, e o maior de todos, o projeto Nova Luz, de revitalização da cracolândia. A Prefeitura de São Paulo ainda não sabe quanto vai gastar nesses projetos.
A revitalização do centro faz parte do programa de governo de Kassab para o segundo mandato. Eleito com mais de 60% dos votos, o prefeito agora corre contra o tempo para terminar tudo em quatro anos.
Há pelo menos dez anos se fala em revitalizar o centro. Durante o governo da petista Marta Suplicy (2001-2004) alguma coisa começou a ser feita, como a reforma da galeria Olido, na avenida São João, e a volta da sede da prefeitura ao edifício Matarazzo, no viaduto do Chá.
Com a posse do tucano José Serra, em 2005, o tema voltou à discussão, mas pouco foi feito nos últimos quatro anos. Foram realizadas as reformas das praças da Sé e da República, mas a da praça Roosevelt, também prometida, ainda não saiu do papel. Mesmo o projeto Nova Luz, menina dos olhos de Serra, patina com as dificuldades de desapropriação.

Nova Luz
Agora reeleito, Kassab volta ao assunto. Questionado na semana passada sobre os possíveis impactos da crise financeira internacional sobre o Orçamento municipal, Kassab citou o projeto. "Vamos procurar, o mais rápido possível, implantar o programa Nova Luz, que tem incentivos e pode motivar investimentos. Isso é fundamental para gerar emprego e gerar receita", afirmou.
Kassab disse que o projeto de concessão urbanística da Nova Luz, que deve agilizar a implantação do projeto, está "maduro" e deve ser encaminhado à Câmara brevemente -precisará do apoio de pelo menos 28 dos 55 vereadores para ser aprovado. Kassab conta com esse número de votos tanto no atual mandato quanto no próximo, que começa em 1º de janeiro.
A concessão urbanística é um instrumento jurídico pelo qual a prefeitura transfere à iniciativa privada o direito de desapropriar as áreas. Como as desapropriações são muito lentas no Poder Público, a prefeitura acredita que a implantação deve ser mais ágil se for gerenciada pela iniciativa privada.
Para o secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, a revitalização do centro é consistente porque vem acompanhada do aquecimento da atividade econômica na região.
"Tudo o que [temos feito] é acompanhando a demanda e a vocação do lugar, que é de cultura e lazer. Muitas faculdades estão indo para o centro e têm trazido uma intensa atividade econômica. Veja o comércio da rua São Bento, por exemplo, como melhorou nos últimos tempos", afirmou Matarazzo.
Para o secretário, é fundamental que o centro seja ocupado por empresas e moradores. "O centro precisa de público, sejam moradores, sejam usuários."


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