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Processados seguem trabalhando
DA REPORTAGEM LOCAL
Dos 65 funcionários e ex-funcionários de unidades diferentes
da Febem denunciados por tortura à Justiça e com processo em andamento, 21 continuam trabalhando e estão no complexo de
Franco da Rocha.
A constatação é da Promotoria
de Infância e Juventude de São
Paulo. "Como um terço dos denunciados por tortura não só
continuam trabalhando como estão concentrados nas unidades
com maior ocorrência de denúncias de tortura? Isso é um absurdo", afirma o promotor de Justiça
Wilson Tafner.
O levantamento de Tafner inclui 65 funcionários e ex-funcionários das unidades Pinheiros,
Parelheiros e Raposo Tavares
-as três na capital paulista- e
de Franco da Rocha.
A Justiça determinou a prisão
preventiva de 14 funcionários e
ex-funcionários da unidade da
Febem de Raposo Tavares por
tortura e formação de quadrilha.
Um deles também foi denunciado
por tráfico de drogas, já que teria
repassado maconha a um menor
para forjar a apreensão. Quatro
estão presos.
Denúncias de maus tratos e
agressões a internos da Febem levaram várias comitivas ao complexo de Franco da Rocha nos últimos três meses.
Em outubro deste ano, uma comissão de juízes e outra de promotores da Vara da Infância e Juventude vistoriaram o local.
Nos dois relatórios, as mesmas
conclusões: condições inadequadas, atendimento médico deficiente, confinamento em boa parte do dia e agressões a internos.
Em novembro, houve nova visita dos promotores. Eles afirmam
que encontraram instrumentos
que seriam usados para torturar
os menores.
Os promotores também investigam uma suposta sessão coletiva
de espancamento, ocorrida em
setembro, em que um grupo de 30
funcionários teria batido em mais
de 40 adolescentes da unidade 31
do complexo.
A Promotoria Criminal de
Franco da Rocha também investigou supostos casos de tortura no
complexo de Franco da Rocha entre janeiro e setembro.
Dessa investigação resultaram
duas denúncias pelo crime de tortura na Justiça local. Ambas foram aceitas e viraram processos
criminais.
Na primeira denúncia, a Promotoria responsabiliza um funcionário pela tortura de um adolescente. O menor teria sido agredido e depois obrigado a tomar
banho gelado para reduzir as
marcas do espancamento.
No outro caso, ocorrido em junho deste ano, o Ministério Público denunciou sete funcionários
pela prática de tortura contra 45
adolescentes.
Um menor teria sido agredido
por monitores, o que provocou
um protesto dos demais 44 internos. No final, todos teriam sido
espancados.
(GP)
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