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São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2003

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CRIME ORGANIZADO

Distrito policial na zona norte é o terceiro com integrantes supostamente envolvidos em esquema de extorsão

Denúncia envolve mais um DP e 4 policiais

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A investigação do Ministério Público Estadual sobre o envolvimento de policiais paulistas com o crime organizado, iniciada a partir da prisão do contrabandista de cigarros Roberto Eleutério da Silva, o Lobão, chegou ao terceiro distrito policial usado supostamente como base para negócios ilícitos. Ontem, quatro policiais que trabalhavam no 40º DP (Vila Santa Maria), zona norte de São Paulo, tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça.
Em setembro, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) denunciou dez policiais civis, que tiveram a prisão preventiva decretada. Eles estariam envolvidos em uma suposta rede de crimes como concussão (extorsão praticada por funcionário público), peculato (furto), tráfico de drogas e adulteração de chassi.
O crimes seriam executados a partir do 10º DP (Penha) e do 33º DP (Pirituba) e foram descobertos nas escutas telefônicas feitas pelo Procuradoria da República para monitorar Lobão.
Ontem, os promotores denunciaram mais quatro policiais civis, desta vez do 40º DP. O agente Genésio Valente, os investigadores Flávio Rodrigues e Luiz Alberto Marques de Sá -hoje no 78º DP- e o escrivão José Augusto Sant'Anna são acusados de concussão e formação de quadrilha.
A juíza-corregedora do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária), Ivana David Boriero, decretou prisão temporária por cinco dias. Segundo depoimento de testemunhas e documentos de empresas supostamente extorquidas, os policiais cobravam valores para liberar cargas apreendidas e depois exigiam quantias mensais.
A denúncia descreve, por exemplo, um episódio no qual os policiais teriam apreendido um caminhão de uma empresa transportadora de combustíveis, em agosto, sob a alegação de que o combustível seria adulterado.
Primeira proposta dos policiais para liberar o veículo, segundo o Gaeco: R$ 100 mil. Na negociação, o valor baixou para R$ 23 mil, que já teria sido pago em três parcelas -R$ 8.000, R$ 7.500 e R$ 7.500. Os policiais também exigiam o pagamento de R$ 2.000 por mês. Os valores estavam descritos no caixa da empresa e foram confirmados por funcionários.
A Secretaria da Segurança Pública informou na noite de ontem que os policiais já tinham sido levados para o presídio da Polícia Civil. A reportagem não conseguiu localizar seus advogados.
Também ontem, advogados dos delegados Luiz Carlos Ferreti e Nelson de Camargo Rosa, que eram do 33º DP, conseguiram revogar a prisão preventiva decretada em setembro. Eles vão responder ao processo em liberdade.


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